O contexto pandêmico deixou mais à flor da pele sentimentos como compaixão e fraternidade, possibilitando envolvimento genuíno da força de trabalho em projetos sociais.

Para Karina Pimentel, porta-voz do CBVE – Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial, “a pandemia e seus efeitos de longo prazo impactaram profundamente os modos de ser e estar no mundo e isto vale também para as corporações”.

Reflexos disso estão na edição deste ano do Censo do CBVE, que aponta o crescimento e alinhamento dos programas deste gênero aos objetivos estratégicos para atender os desafios da sustentabilidade.

Os pilares de ESG – de dentro para fora

O plano global da Organização das Nações Unidas (ONU) para um 2030 sustentável está sendo fortemente debatido e convergido em ações efetivas a partir das estratégias ESG implantadas pelas corporações.

Além disso, na perspectiva de geração de valor, as empresas começam a compreender que as dimensões sociais e ambientais necessitam estar conectadas ao modelo de negócio.

Em relação ao público interno, o desenvolvimento de competências, a geração de novas atitudes, a ampliação do engajamento, a melhoria do ambiente interno e o estímulo a ação colaborativa são os principais ganhos, ressalta Pimentel.

A força do Voluntariado

A 13ª edição do relatório de Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC), por meio das empresas que compõem esta rede, registrou que, juntas, elas mobilizaram cerca de 70 mil voluntários, o que corresponde a 16% do total de seus colaboradores e ao maior percentual já captado na pesquisa.

Para Adriano Zanni, diretor de engajamento e comunicação com empregados do Grupo Trama Reputale, o desenvolvimento de projetos comunicacionais ligados ao EVP das organizações e que façam uso de causas alinhadas ao propósito destas é um caminho já vivenciado ao longo da última década e sem possibilidade de retrocesso.

“Há estudos e pesquisas demonstrando que a felicidade e a produção de sentido no ambiente de trabalho passam essencialmente pela análise dos funcionários sobre questões com as quais as empresas verdadeiramente se conectam. Eles desejam estar aliados a marcas empregadoras que, mais do que figurar em bons rankings, preocupam-se com o legado sustentável que pretendem deixar, onde quer que atuem, em qual nicho de negócio estejam. É por isso que hoje, muitas companhias têm experimentado indicadores maiores de turnover. É uma busca incessante por uma jornada positiva de carreira que vai muito além das questões de salário, benefícios e incentivos”, diz Zanni.

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Adriano Zanni, diretor de engajamento e comunicação com empregados do Grupo Trama Reputale.

Voluntariado Empresarial Estratégico

O consultor complementa, afirmando que de nada adianta um processo de onboarding incrível se, no dia a dia, a narrativa institucional sobre causas e valores não encontra lastro nas atitudes das lideranças ou das próprias equipes.

“O voluntariado que, estrategicamente, ajuda a construir marca e reputação, a desenvolver soft skills nos empregados (habilidades comunicacionais e relacionais amplamente valorizadas e reconhecidas pelo mercado) e, ainda, a criar espaços de fala e escuta ativa, dentro de uma agenda encarada como prioridade, colocando o funcionário como protagonista de mudanças na sociedade, é o foco do ambiente corporativo no século XXI”, pondera.

Brasilseg: voluntariado para ajudar no combate ao câncer de mama

Recentemente, o próprio Grupo Trama Reputale, em parceria com a Brasilseg, cliente do Núcleo de Comunicação Interna, envolveu seu Programa de Voluntariado em uma causa muito nobre: o combate ao câncer de mama.

Colaboradores do grupo puderam entrevistar mulheres em tratamento, relatando suas lições de superação, as quais serão estampadas em um livro de memórias, cujo projeto gráfico-editorial também foi idealizado pela agência.

Na iniciativa, os funcionários colocaram em prática os princípios da escuta ativa e da empatia, tão necessários aos comunicadores de hoje, dialogando com os pacientes.

Além disso, puderam ofertar doações a essas mulheres, valorizando a autoestima das mesmas em um período que costuma ser de enormes dificuldades físicas e emocionais.

“Nosso propósito é conectar pessoas e marcas rumo ao futuro. Assim, utilizar nossos conhecimentos em comunicação e vivenciar a escuta ativa na prática, ao mesmo tempo em que desenvolvemos nosso time de colaboradores, é algo que se conecta intimamente com essa essência. Mais do que doar lenços e flores, dedicamos nosso tempo, estivemos presentes de corpo e alma e incentivamos o protagonismo de cada um nessa missão, que se traduzirá em páginas de um livro que perpetuará memórias e dará visibilidade ao trabalho dos profissionais da área da saúde, ao nosso e, por consequência, de nosso cliente, a Brasilseg. Esse é o modelo de parceria voluntária que frutifica”, conclui Zanni.

Cinco Dicas de como implantar um Programas de Voluntariado Empresarial

O CBVE preparou cinco dicas super práticas para você conseguir tirar do papel o seu Programa de Voluntariado Empresarial. Confira:

  1. Comece por um processo de escuta dos públicos interno e externo da corporação e analise as oportunidades identificadas;
  2. Construa a política de voluntariado e um plano de ação baseado em metodologias participativas e integrativas, que privilegiem a dimensão de participação/engajamento dos colaboradores;
  3. Construa uma matriz sólida de indicadores de monitoramento e resultados das ações de voluntariado empresarial, alinhada aos ODS;
  4. Incentive a formação de colegiados de mobilização e gestão do programa de voluntariado (locais/regionais, a depender da característica do negócio);
  5. Desenvolva um plano de comunicação estratégica das ações do programa de voluntariado.