O vídeo viralizou! Com tantas possibilidades de produção, qualquer pessoa com um smartphone pode filmar, editar e postar um vídeo em suas redes sociais. O formato audiovisual possibilita uma execução ágil, de baixo custo, com efeitos, músicas, e alta taxa de engajamento pela audiência, o que o torna mais atrativo.
A pesquisa Inside Video, realizada pela Kantar IBOPE Media, confirma o sucesso desse formato. De acordo com os dados que apresentaram, o Brasil se destaca no consumo de vídeo em relação à média global.
80% dos brasileiros assistiram vídeos online gratuitos, frente a 65% dos estrangeiros. Isso também vale para vídeos em redes sociais (72% x 57%) e em serviços por assinatura (62% x 50).
A verdade é que os vídeos sempre fizeram parte da vida das pessoas, seja pela televisão ou internet. Já nas redes sociais, a aposta nesses formatos de curta duração ficou ainda mais acentuado nos últimos tempos. Tal mudança de comportamento foi muito impulsionada pelo sucesso que o TikTok tem feito.
O sucesso do TikTok
Considerado um dos aplicativos mais populares da atualidade, o TikTok se popularizou no Brasil em 2020, e ficou conhecido como a rede social da pandemia. O fato é que as dancinhas, as dublagens e as trends transformaram a comunicação digital e iniciaram uma nova era de produção de conteúdo, proporcionando um entretenimento divertido para quem faz e para quem assiste.
Há muitos diferenciais no aplicativo, mas a forma que o algoritmo do TikTok trabalha para entregar o conteúdo está entre os principais. Afinal, quando uma pessoa acessa a tela inicial do app, os vídeos sugeridos não são apenas de pessoas conhecidas, mas de qualquer um que fale sobre algum tema que pode ser interessante para um determinado perfil.
Com essa possibilidade de visualização, muitas pessoas ganham voz na rede social e podem viralizar com seus conteúdos. Não é à toa que uma pesquisa identificou que os brasileiros usam a plataforma por 5,4 horas em média, sendo que 66% dos usuários têm menos que 30 anos.
O fato é que o formato de vídeos curtos e verticais ganhou espaço até em grandes plataformas, que já tinham se consolidado com vídeos longos e fotos.
Um ótimo exemplo disso é o Instagram. Depois do TikTok, a rede social é a segunda maior com formatos de vídeos variados. Entre eles estão: os stories, que possibilita fazer vídeos, perguntas, enquetes, e fica disponível por 24 horas; o IGTV, que permite a criação de vídeos de até 60 minutos; e, mais recentemente, o reels, que conta com a criação de vídeos de até 15 segundos, que permitem acrescentar efeitos sonoros e visuais.
Esse último chegou especialmente para concorrer com o TikTok, permitindo que os usuários gravem vídeos curtos e os editem com uma infinidade de efeitos. Além dessa mudança, ano passado o Adam Mosseri, head do Instagram, fez uma publicação sobre o novo rumo que a rede social deve seguir. Entre as novidades está a experiência imersiva, com investimento em vídeos.
Youtube Shorts
O Youtube, conhecido por ser um grande buscador audiovisual, que encontra os conteúdos por palavras-chave, também entrou na onda de vídeos curtos verticais. Eles anunciaram a criação do Shorts, que visa engajar usuários que querem entretenimento para consumir de forma mais rápida.
Esse formato já caiu tanto no gosto do público, que em dois anos o Youtbe Shorts já alcançou cerca de 5 trilhões de visualizações. E, para este ano, eles pretendem ampliar os recursos dentro da plataforma, como remix de conteúdo dos vídeos no Shorts.
Em 2021, o Pinterest anunciou a compra do aplicativo Vochi, voltado para a criação e edição de vídeos. Com isso, os usuários podem usar o app para publicar seu conteúdo na plataforma. O objetivo é que o Pinterest deixe de ser apenas uma parede inspiradora de coisas encontradas na web, e ofereça ferramentas para os criadores.
Ascensão dos vídeos curtos nas redes sociais
Se você ainda ficou com alguma dúvida sobre o que faz os vídeos curtos ganhem tanto espaço dentro das plataformas, entrevistamos a Issaaf Karhawi, que é pesquisadora em comunicação digital na USP, autora do livro “De blogueira a influenciadora”, pós-doutoranda e professora, para saber o que ela pensa sobre esse formato. A visão que ela passou sobre o movimento que pode impulsionar esse mercado é bem interessante.
“Talvez o ponto mais importante para pensar em vídeos curtos tenha a ver com a nossa atenção. Afinal, cada vez mais a nossa atenção está dividida nas redes sociais, e ela é um bem muito valioso, muito disputado, e muito escasso. Diante disso, os conteúdos gerados por marcas e influenciadores digitais disputam a nossa atenção, e o uso de vídeos curtos é uma saída para conseguir alcançar os consumidores, os públicos e a audiência. O próprio desenho das plataformas de redes sociais propicia a proliferação de vídeos curtos, porque a atenção não precisa ser plena. Da forma como as plataformas são desenhadas há muito espaço para publicidade e o entretenimento”, explica.
Qual o melhor formato para o seu negócio?
Com a infinidade de plataforma e recursos dentro de cada uma delas, pode ser que você ainda fique na dúvida de qual investir para o seu negócio. Para te ajudar na tomada de decisão, a Issaaf separou um exemplo prático que vai te auxiliar.
“A escolha do canal sempre tem a ver com os objetivos estratégicos da marca, objetivos de negócios, e outros objetivos de comunicação. Identificar com muita clareza o que é que se busca no digital, ajuda a pensar em quais redes sociais são mais ou menos interessantes. Por exemplo, o Youtube é uma plataforma de vídeos que dá espaço para formatos longos e curtos, com o Shorts. Cada uma dessas apropriações, permite resultados muito distintos. Os vídeos longos vão permitir que uma marca trabalhe autoridade e reputação de uma forma mais sólida, enquanto vídeos curtos podem ser excelentes para trabalhar awareness e chegar em audiências novas. Com isso, cada objetivo vai permitir entender não só o canal mais interessante, mas os formatos dentro das redes sociais”, ressalta.
Afinal, os algoritmos estão trabalhando a favor dos vídeos?
Na verdade, o algoritmo dita um pouco o caminho por onde o consumo vai se dar. Por isso, entender o algoritmo é um convite a ampliar o repertório para experimentar novos conteúdos dentro das redes sociais.
“Todas as vezes que uma plataforma investe em um novo formato, é comum que haja uma reordenação dos algoritmos, isso significa que aquele novo formato vai ser entregue para muito mais usuários, vai conseguir alcançar uma audiência mais significativa do que um post comum, porque a própria plataforma está testando aquele novo tipo de narrativa, novo tipo de conteúdo, aquele formato estreante. Então, é bastante usual que cada novidade dentro das plataformas passe a ser a menina dos olhos daquela rede social”, finaliza.
Tiktokização
Com toda a análise feita sobre o impacto do TikTok em outras redes sociais e, consequentemente, no mercado em geral, os vídeos curtos devem continuar em ascensão em 2022. Para Sandra Bonani, diretora de influência do Grupo Trama Reputale, esse formato de conteúdo é de fácil consumo e está cada vez mais presente no escopo de ações das marcas.
“O consumo desse formato de conteúdo tem crescido significativamente, tanto que os projetos de marketing de influência que acompanhamos daqui já estão sendo desenhados para esse formato mais multifuncional, que permite diversas abordagens e estilos, além de estimular o engajamento nas redes sociais”, complementa.