A covid-19 impactou amplamente a sociedade, mudando inclusive o comportamento do consumidor. Não poderia ser diferente com a mídia: o jeito que consumimos notícia também mudou.

Segundo o 2021 Digital News Report, do Reuters Institute, a circulação geral dos dez jornais mais vendidos no Brasil caiu 9,2%, mas a proporção digital de seus leitores cresceu 64% no primeiro semestre de 2020.

O instituto ouviu 2.009 pessoas no Brasil em janeiro e fevereiro de 2021 e traz insights importantes sobre o panorama da mídia, tanto sobre quem consome notícias como sobre os veículos de comunicação.

Fim do impresso?

Um dos tópicos do relatório é o fim do impresso. A proporção de pessoas que usam a mídia impressa como fonte de notícias caiu 70% entre 2016 e 2021. Em 2016, 40% dos entrevistados usavam mídia impressa para ler notícias, enquanto em 2021 esse percentual caiu para apenas 12%.

Por outro lado, acessar notícias por meio das mídias sociais tem ganhado corpo. Se em 2013 47% usavam essas plataformas para ler notícias, em 2021 esse número alcançou 63%.

O dado é ainda mais expressivo se somarmos às mídias sociais aos sites: em 2013, 90% dos entrevistados liam as notícias no online (incluindo mídias sociais) e, em 2021, o dado continua expressivo, apesar da ligeira queda: 83%.

Mídias sociais como fonte de notícias

O público mais jovem, de 18 a 24 anos, tem quase o dobro de probabilidade de acessar notícias por meio de mídia social, agregadores de links ou alertas móveis. Apenas 25% das pessoas pesquisadas preferem ler notícias em um site ou aplicativo de notícias.

O relatório indica que 34% dos pesquisados confiam em notícias publicadas nas mídias sociais, sendo que 47% as compartilham não apenas por essas plataformas, mas também por meio de mensagens ou emails.

Entre as principais mídias sociais e mensagens para notícias acessadas para ler notícias, o Facebook lidera entre os pesquisados, seguido pelo WhatsApp e YouTube:

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Reputação da imprensa no Brasil

O Digital News Report indica, ainda, que 54% dos brasileiros entrevistados confiam nas notícias. A confiança na imprensa cresceu durante a pandemia, colocando o Brasil na liderança do índice na América Latina, seguido por Colômbia e Peru, ambos com 40%.

O tipo de fonte de notícia varia de país para país. Enquanto na Índia jornais e revistas impressas lideram como fonte de notícia, com 84%, no Brasil apenas 22% dos entrevistados disseram que acessam o impresso para se informar. Por outro lado, o Brasil lidera entre os países entrevistados quando falamos de aplicativos de mensagens: 71% são propensos a usá-los como fonte de notícias.

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Fontes de notícias no Brasil

  • 22% jornais ou revistas impressas;
  • 71% aplicativos de mensagens.

A pesquisa mostra também o perfil de quem desconfia das notícias: geralmente são as pessoas mais velhas, menos instruídas e menos interessadas em política. Junto da Índia, do Reino Unido e dos Estados Unidos, o Brasil tem grandes minorias com opiniões muito negativas sobre as práticas jornalísticas básicas, incluindo manipular deliberadamente o público.

  • 78% acham que os jornalistas tentam encobrir erros;
  • 36% acham que costumam aceitar pagamentos não divulgados de fontes;
  • 35% acham que muitas vezes permitem que as opiniões influenciem a cobertura.

O Reuters Institute acrescenta que os que não confiam nas notícias tendem a ser os menos conhecedores do jornalismo, os mais desengajados de como é praticado e os menos interessados ​​nas decisões e escolhas editoriais feitas diariamente ao produzir as notícias.

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Outros pontos abordados no relatório do Reuters Institute são a imparcialidade e a pluralidade de pontos de vista. No Brasil, 56% acreditam que os meios de comunicação devem ser neutros em todos os temas, enquanto 37% acreditam que há alguns tópicos em que não faz sentido os veículos tentarem serem neutros.

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A maioria também deseja que os meios de comunicação tragam uma pluralidade de visões ao reportar questões sociais e políticas.

Cresce preocupação com fake news

A preocupação com a desinformação é um pouco maior neste ano (58%). África (74%) lidera entre o continente mais preocupado, seguido pela América Latina (65%) e pela América do Norte (63%).

Em tempos de covid-19, as fake news sobre o tema são as que mais preocupam os entrevistados. Em todos os países contemplados na pesquisa do Reuters Institute, 54% dos entrevistados viram mais fake news sobre a pandemia, enquanto 43% notaram mais desinformação sobre temas políticos.

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No Brasil, a desinformação vinda de políticos é um grande receio: 41% dos entrevistados estão mais preocupados com os políticos como fonte de desinformação sobre covid-19.

Assinaturas X Anúncios

O Digital News Report mostra em sua edição de 2021 uma mudança entre os líderes de notícias: agora, a assinatura é considerada mais importante do que os anúncios. Isso porque a covid-19 reforçou a necessidade de o segmento se tornar independente da publicidade digital.

A pesquisa mostra que mais entrevistados se concentrariam na assinatura (76%) e menos enfatizariam a publicidade (66%). O relatório também destaca como a diversificação de receita se tornou relevante: os editores comerciais indicam como muito importantes, em média, quatro fontes distintas de receita. 

Diversidade

Outro aspecto levantado pelo relatório do Reuters Institute é a diversidade nos meios de comunicação. Até 27% dos entrevistados indicam que as organizações de notícias não realizam nenhuma iniciativa em termos de diversidade. Os principais líderes de notícias sentem que a indústria não está fazendo o suficiente para incluir a diversidade em seu quadro de colaboradores.

No Brasil, de 2020 para 2021, houve uma queda de 45% em mulheres editoras nos veículos pesquisados pelo Digital News Report. Quando falamos em equidade de etnia, os dados são mais alarmantes: de 2020 para 2021, houve queda de 100% em editores não-brancos, ou seja, simplesmente não havia editores não-brancos na amostra pesquisada.

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Se olharmos para os dados globais da amostra pesquisada, apenas 22% de mulheres e 15% de não-brancos são editores.

Diante desse panorama, como as marcas podem acompanhar o comportamento do consumidor para não perder espaço? Como desenhar estratégias de comunicação mais assertivas para manter a reputação e a presença na imprensa? O comportamento do consumidor pode ser traduzido em registros devidamente documentados: os dados.