Falar em tendências para um ambiente no qual as mudanças acontecem em ritmo mais que acelerado parece um paradoxo, mas não só é possível, como necessário. Ainda que as transformações sejam contínuas e, muitas vezes, repentinas, elas seguem um movimento já em curso, o qual nos indica o melhor caminho a seguir para acompanhar o cenário para manter competitividade e relevância.
Seguindo nossas tradicionais análises de tendências em comunicação e marketing para o novo ano, organizamos o que deve influenciar e movimentar a Comunicação Corporativa, reputação e presença digital das empresas em 2023, segundo Google, Digital Marketing Institute, Meta e Forbes.
As transformações que devem influenciar o mercado podem ser resumidas em três conceitos: automação do trabalho, experiências imersivas e descentralização da internet.
Inteligência artificial acessível
Impossível iniciar o tema sem tratar de seu maior expoente na atualidade: o Chat GPT. Lançada no final do ano passado, a plataforma de inteligência artificial da Open AI ganhou notoriedade não apenas por seu potencial impressionante, mas, principalmente, por ser de acesso livre, disseminando a tecnologia e chamando atenção para o impacto da inteligência artificial em um futuro extremamente próximo, especialmente no mundo do trabalho.
Esses recursos de inteligência artificial permitem que artigos, roteiros, manuais e até o código de aplicações completas sejam produzidos em segundos, tudo a partir de uma sentença de comando, ou prompt. Quanto mais precisa e descritiva a sentença, melhor a qualidade do produto. E isso também serve para o design de ilustrações e outros produtos visuais.
Por sua capacidade e competência, as plataformas preocupam acadêmicos, profissionais e o mercado, dado que nutrem o medo que nos persegue desde a primeira revolução industrial, da substituição do homem pela máquina.
Mas, segundo especialistas consultados pela Forbes, a ascensão da inteligência artificial deve reforçar uma mudança que já vem acontecendo há alguns anos com a aplicação da tecnologia em nosso dia a dia, a do “trabalho aumentado” (augmented work), em tradução livre.
O novo mundo do trabalho, e da educação, exigirá mais tempo dedicado à análise crítica, pensamento criativo e habilidades de uso das novas tecnologias do que à execução de tarefas mais operacionais, que, hoje, podem ser executadas por serviços como Chat Sonic, Jasper Chat, Bard, Komo AI e tantos outros.
Diante desse contexto, marcas e profissionais de comunicação corporativa devem aproveitar o momento para repensar seu modelo de trabalho, em como produzem seu conteúdo (especialmente aplicado a SEO, UX e design dinâmico) e se preparar para a nova onda.
Experiências imersivas
Apesar de permanecer no topo dos temas de destaque em tecnologia e internet ao longo de 2022, o metaverso avançou pouco em seus recursos e, principalmente, acessibilidade. Mesmo com suas grandes promessas de revolucionar a maneira como as pessoas se conectam e interagem na rede, que se tornaria um mundo digital completo, o ambiente ainda encontra muitos desafios de ordem prática, como regulação e os dispositivos necessários para acesso.
Mas ainda que encare um avanço modesto, o metaverso se mantém como grande promessa para a nova etapa de um mundo conectado, tendo perspectiva de investimento de U$ 1 tilhão até 2025 e um interesse manifesto por cerca de 90% dos consumidores em usar a tecnologia.
Esses dados mostram que ainda temos que dedicar atenção ao tema, pensando em como proporcionar experiências imersivas e controladas no metaverso para audiências estratégicas (em contextos como a apresentação de um novo projeto arquitetônico ou conceito de produto, por exemplo) e investir em sua melhor alternativa para o momento, a realidade aumentada, acessível a partir de tecnologias já consolidadas, como projetores interativos e smartphones, claro.
Já tratamos do “hibridismo”, aplicado especialmente a eventos que podem acontecer nos ambientes físico e digital, mas que também serve para as experiências com realidade aumentada, que adiciona camadas ao “mundo real”, completando aquilo que, de outra maneira, seria limitado pelos recursos e materiais disponíveis no ambiente.
Conteúdo colaborativo
O Inbound Marketing mostrou seu valor e já está consolidado como conjunto de práticas estratégicas para atrair novas oportunidades de negócios e fidelizar clientes por meio de conteúdo de qualidade e relevante, mas a “era dos leads” mostra sinais de enfraquecimento quando o assunto é o uso de mídias sociais para atraí-los. Brand awareness deve ser a prioridade crescente, tendo o conteúdo co-criado e produzido com creators relevantes e autênticos como carro chefe desse movimento.
Segundo o relatório Marketing Strategy & Trends do Hubspot, 60% dos usuários de mídias socias afirmam que o conteúdo criado por outros consumidores e influenciadores é mais autêntico e relevante do que o criado por marcas. Além disso, pouco mais de 40% dos usuários entre 25 e 34 anos se consideram produtores de conteúdo.
Isso reforça a percepção que profissionais e gestores de marketing digital e comunicação corporativa têm desenvolvido há algum tempo: pessoas se interessam mais por outras pessoas e confiam mais em outras pessoas, não marcas.
As marcas carregam o poder da representatividade e do significado, mas esses só existem quando histórias reais são usadas para construir e nutrir ambos. Para atender a uma audiência que é diariamente bombardeada por informações e cada vez mais exigente, é preciso reconhecer seus ícones e anseios e co-criar conteúdo que reverbere por meio a identificação e empatia.
Vídeos, vídeos e mais vídeos
Talvez a mais prática e técnica das tendências (e a menos surpreendente), é uma consequência direta de um hábito já consolidado pelos usuários da internet, o de consumir vídeos para além do entretenimento. Hoje é possível encontrar, virtualmente, vídeos para qualquer dúvida que possa surgir em nosso dia a dia, o que aumenta ainda mais a relevância da prática de SOV (Search optimized vídeos ou “vídeos otimizados para busca”) para as empresas que desejam conquistar, ou mesmo manter, uma boa posição em buscas orgânicas, já que vídeos aparecem na “posição zero” em cerca de 26% das buscas do Google.
De acordo com estimativas do Digital Marketing Institute, vídeos explicativos (74%), de apresentação de produtos ou serviços (50%) e depoimentos (46%), são os mais utilizados pelas empresas hoje, representando um recurso extremamente importante para criar e nutrir novas oportunidades de negócios quando pensados para atender a necessidades reais das audiências que se deseja alcançar.
E para as marcas que desejam conquistar mais engajamento de suas audiências, as transmissões ao vivo devem ser prioridade, já que têm alcance e interações, em média, seis vezes maiores do que vídeos publicados na timeline dos perfis.
Isso corrobora e destaca ainda mais a relevância do conteúdo co-criado com influenciadores autênticos, já que o potencial de obter resultados ainda melhores é ampliado ao envolver audiências cativas desses criadores de conteúdo.
A descentralização da web 3
O crescimento do envolvimento de influenciadores e criadores de conteúdo na atividade das marcas nas redes pode parecer algo natural dos hábitos e preferências das audiências dessas plataformas, mas representam um indicador importante de um movimento ainda maior, que é a descentralização da internet, no qual a rede será feita e administrada por e para os usuários.
A chamada web 3 já se faz presente com o uso de tecnologias como o blockchain, aplicada aos criptoativos, não apenas para garantir que o valor das moedas exista ao distribuir “partes” de um ativo por toda a rede de usuários e proprietários, como em todas as transações realizadas nesse ambiente.
A nova onda de transformação da rede mundial de computadores deve ampliar ainda mais o protagonismo dos usuários, ao mudar a propriedade de dados e da informação das mãos de grandes empresas de tecnologia para aqueles que criam e fazem a rede ser o que é, em um controle colaborativo e descentralizado, sem que exista a concentração em um único grupo de pessoas ou organizações.
Parece um conceito complexo e distante da realidade, mas o surgimento de “super apps” (aplicativos que unem funções de mídias sociais, colaboração, jogos, compras e outros recursos) como o Blue Sky, em desenvolvimento pelo ex-CEO e fundador do Twitter, Jack Dorsey, e a crescente pressão social pela garantia de privacidade e segurança de seus dados, são um forte indicador de que as transformações não estão tão distantes.
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