O Super-Homem pediu demissão do Planeta Diário, jornal que trabalha há 40 anos, para migrar para a Internet e criar o próximo Huffington Post, portal de notícias e agregador de blogs americano. O site tem um modelo diferenciado pois publica furos de notícias atuais e oferece tanto notícias como comentários, além de ser aberto e promover discussões sobre religião, cultura, ambientalismo, mídia, economia e outros. Ou seja, é mais participativo e cumpre um papel de dar voz a opinião pública.
O fato parece pouco relevante, principalmente se for levado em consideração que se trata de pura ficção. Mas retrata um viés que tem sido dado de forma geral por filmes hollywoodianos: a crise do jornalismo impresso norte-americano. E a demissão do Clark explica bem isso já que foi motivada pelo fato do Planetário Diário ser absorvido por um conglomerado de mídia mais interessado em entretenimento do que em reportagens.
Nessa mesma semana, rumores surgem nas redes sociais de que o Jornal da Tarde, do grupo Estado, também deixará de circular sua versão impressa. Entretanto o País ainda apresenta uma realidade diferente da enfrentada pelos EUA e Europa. Um estudo do HSBC publicado hoje na Folha mostra que o Brasil terá menos jovens e mais idosos em 2050 do que outros países da América Latina, mas que nossa classe média deverá gastar mais com cultura, informação, viagens e tecnologia.
Obviamente, esse cenário é atrativo para os grandes grupos de mídia internacionais que nas últimas semanas fincaram bandeiras em território nacional, como o Financial Times, The Economist e New York Times. Parece que o que está morrendo não é bem o jornalismo, mas a forma como a sociedade recebeu até hoje informação, em um paradigma de transmissão, não de colaboração e construção de sentido de forma coletiva. O papel não permite a interatividade e a participação da opinião pública como os meios digitais. É um caminho sem volta, e o que anima é que quanto mais participativa for a relação com a opinião pública, mais as marcas e empresas precisarão gerenciar esses relacionamentos de forma equilibrada e mais precisarão de Relações Públicas.