No Brasil, elas são 51,4% da população e responsáveis pelo sustento de 37,3% das famílias (IBGE). Apesar desse cenário, os desafios que enfrentam no mercado de trabalho não são poucos e, com o destaque que o tema tem recebido nos últimos anos, principalmente devido ao reconhecimento da importância da diversidade pelas empresas, novas barreiras são evidenciadas diariamente.

Do “gap” salarial ao preconceito de gênero, elas devem provar sua competência a todo o tempo, ainda que pesquisas (Bain Company, Bank of America, Merill Lynch, McKinsey e Banco Mundial) demonstrem que, no mundo, 57,8% das mulheres ativas no mercado possuem formação superior, contra 42,2% dos homens que, ainda assim, têm 20 vezes mais chances de alcançar posições de liderança nas empresas e remuneração, em média, 21% mais alta, ocupando as mesmas posições.

Com todas as diferenças de oportunidade e tratamento, globalmente endêmicas, como as empresas podem mudar esse cenário internamente e promover respeito e representatividade para as mulheres?

Antes de estruturar programas de RH orientados ao tema, é preciso pensar em questões como cultura organizacional, clima e perfil dos colaboradores. Sem que existam iniciativas de educação do público interno e reforço do compromisso organizacional com a diversidade, tais programas encontram na cultura local e nas convenções sociais seus principais algozes.

Por isso, compartilhamos um pouco da nossa experiência com empresas que são agentes dessa transformação no mercado. Preparamos algumas dicas com os primeiros passos para o desenvolvimento de um ambiente adequado a programas de inclusão e desenvolvimento profissional das mulheres.

 

Reconheça as diferenças e promova as igualdades.

O termo “igualdade de gênero” é amplamente divulgado hoje como estandarte da busca por iguais condições de presença e atuação no mercado de trabalho, no entanto, no contexto das dificuldades que elas enfrentam, o mesmo não reflete o que, de fato, se busca.

Ainda que tenham iguais condições de competir por uma posição em qualquer setor, mercado ou área, homens e mulheres são, essencialmente, diferentes em necessidades e aspirações. Reconhecer as diferenças é criar espaços de debate, seja através de encontros periódicos de grupos dedicados ao tema ou com a formação de comitês e núcleos especiais, e compreender a realidade e os anseios das mulheres que são parte da empresa.

Como elas vivem? Como é composto o seu núcleo familiar? Quais são seus objetivos de carreira?

Ter essas informações, através de pesquisas de opinião ou banco de dados do RH, permite uma leitura do ambiente para comparação à realidade do ambiente geral.

Qual é a participação das mulheres no corpo de funcionários da empresa? Quais são as posições que ocupam? Quais são os valores da cultura local e disseminados no ambiente interno? Responder a essas perguntas pode indicar os principais pontos de conflito e obstáculos para as políticas de diversidade.

A análise dos principais pontos de resistência da cultura interna, e local, garante o desenvolvimento da promoção das igualdades, uma vez que pode-se definir a melhor abordagem para dizer que, assim como os homens, na empresa as mulheres têm direito ao respeito à sua individualidade e iguais oportunidades de crescimento profissional.

 

Mostre histórias, não slogans

Muitas empresas, ao definirem seu compromisso com a diversidade, conferem um destaque desproporcional ao tema em seus canais internos, como uma bandeira promocional. Informar é parte de conduzir a educação dos colaboradores e a transformação do ambiente interno, mas tratar o assunto como exceção não é a abordagem mais adequada.

As mulheres, assim como outros públicos que compõem o convencionado “rol da diversidade” (pessoas com deficiência, LGBTs, negros e muitos outros), devem ter seu papel reconhecido como parte integrante da identidade da empresa para que exista o sentimento de pertencimento. Contar histórias é, de forma constante e integradora, promover o compromisso da empresa através de ações práticas e um posicionamento sólido, sem jogar os holofotes sobre o mesmo e conferir um aspecto de ineditismo. Apresentar, através dos canais internos ou outras mídias, histórias de mulheres que são parte da organização e de sua trajetória, ao invés de implementar campanhas de divulgação de um slogan inteligente para o assunto, é apenas um dentre muitos exemplos.

 

Crie exemplos

Parte de transformar uma cultura e criar um ambiente de acolhimento, é demonstrar que objetivos são exequíveis e que os valores declarados são praticados. Isso se faz através de exemplos. Não pela intenção semântica da iniciativa, mas pela internalização do compromisso assumido, pois exemplos despertam a representatividade, sentimento de identificação com outros como semelhantes.

Antes de planejar e aplicar programas de diversidade que priorizem a inclusão e acesso das mulheres a posições de liderança, por exemplo, crie líderes mulheres, como uma prática de comprometimento. Uma pesquisa realizada pela consultoria McKinsey indica que empresas que possuem ao menos uma mulher no corpo de diretores, podem aumentar a lucratividade em até 47%.

Além dos fatores estratégicos intrínsecos aos resultados promovidos pela diversidade, é preciso considerar uma questão importante: que tipo de empresa quero ser para os meus colaboradores? Que futuro quero construir e como posso criar o espaço necessário à diversidade para isso?

Existem muitos pontos a serem avaliados e cenários a serem desvendados por cada empresa, afinal, como as pessoas, todas possuem sua individualidade. O tema é extenso e um bom trabalho de comunicação e de educação com colaboradores, além de transformação do ambiente interno, exige planejamento cuidadoso e sensibilidade. Sua empresa tem a inclusão e participação das mulheres como uma prioridade? Vamos tomar um café e conversar sobre as possibilidades, a Trama tem experiência no assunto. Podemos ajudá-lo a construir o futuro da sua empresa.

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