A perenidade da organização somente será alcançada se ela for capaz de gerar recursos que garantam a sua sobrevivência e permitam a ela ampliar sua ação
O empreendedor sabe que recursos não caem do céu. Em organizações sociais, ele depende fundamentalmente de duas fontes: venda de produtos, ou de conhecimentos da entidade – transformado em serviço prestado à sociedade, governos e empresas -, e aportes realizados por parceiros, como doações. Em ambos os casos, a sobrevivência da organização depende de sua capacidade de mobilizar outros atores em torno de seus objetivos e propostas de ação. Em uma frase, o futuro de uma entidade social resulta diretamente de ela demonstrar a seus parceiros e apoiadores que é capaz de interpretar uma necessidade social concreta com visão e atitude inovadora, e, assim, liderar uma missão comum a várias pessoas ou grupos sociais.
Sem satisfazer a essas exigências, ela repetirá a trajetória de muitas idéias transformadas em projetos que, por não terem sabido equacionar adequadamente propostas e recursos para viabilizar a ação, se esvaíram diante das primeiras dificuldades encontradas no caminho.
Dediquei um capítulo a isso no livro Gestão de Entidades sem Fins Lucrativos, que lancei um ano atrás. Desde então, procuro sempre chamar a atenção sobre a importância deste assunto em palestras que realizo por todo o país para organizações, admnistradores públicos e privados, e mesmo empresas. Para minha satisfação, percebo que esta é uma preocupação comum a empreendedores dos primeiro, segundo e terceiro setor. Mas se hoje parece claro que dinheiro não cresce em árvores, houve um tempo em que a visão romântica pretendeu substituir aquela dose de pragmatismo indispensável que transforma sonho em realidade.
As organizações sociais que colocaram a busca da sustentabilidade como caminho para alcançar a perenidade não se desviaram do rumo escolhido, como alguém poderia pensar. Ao contrário, mantiveram o foco no objetivo de longo prazo, mas sabendo que têm de pavimentar o caminho que as conduzirá ao futuro sonhado.
O primeiro passo para isso é usar bem o recurso existente, planejando gastos e organizando o fluxo de caixa a fim de não comprometer mais recursos do que dispõe. Dessa forma, sempre poderá honrar seus compromissos financeiros. Com a casa em ordem, ela pode engrandecer o sonho. Agora que aprendeu o caminho, será mais fácil projetar o recurso necessário para atingir o novo patamar sonhado e saber como – e onde – buscá-lo.
Racionalizar os gastos é apenas a primeira medida a ser tomada
Marcos Gonçalves – Presidente da FENAVAPE.