Depois de aproximadamente quatro meses de escritórios fechados por conta da pandemia de Covid-19, sobretudo em cidades como São Paulo, que começaram a flexibilizar suas políticas de isolamento social, diversas empresas começam a se preparar para a volta de seus colaboradores a esses locais.
Embora o número de casos da doença ainda seja elevado e o cenário esteja indefinido, governos municipais e estaduais têm promovido a reabertura gradual da economia nas últimas semanas. Em São Paulo, especificamente, a prefeitura está negociando protocolos para a volta de aproximadamente 50 setores diferentes.
Para garantir que o retorno dos colaboradores ao escritório seja o mais seguro possível, muitas companhias começaram a se antecipar e já trabalham em seus próprios procedimentos de prevenção ao novo Coronavírus nesse tipo de ambiente.
Vale lembrar que muitas delas não cessaram suas linhas de produção e tiveram que conviver com um dicotomia interessante: manter 100% de sua equipe administrativa trabalhando remotamente, de casa, nas cidades onde estão seus head quarters, e ainda manter suas plantas fabris a pleno vapor, adotando novos parâmetros de trabalho e preocupando-se em monitorar a saúde ocupacional de todos. Afinal, não podemos esquecer que o colaborador também exercer outros papéis em sua vida que extrapolam os muros da própria organização.
Essa dialética certamente nos ensinou e irá nos ensinar ainda mais sobre uma coisa que há tempos na Comunicação debatemos: a necessidade de segmentar políticas, ações e discursos no ambiente interno, sempre com perfeito alinhamento e coerência, mas considerando vertentes e necessidades distintas. Mas isso falaremos em outra matéria.
O que esperar?
Os prédios devem ter restrições ao uso de elevadores, além de mecanismos para o monitoramento de contágio, como sistemas que medem a temperatura do corpo automaticamente e passaram a ser usados no metrô de São Paulo, recentemente.
Dispensers com álcool em gel também se tornam itens essenciais para o dia a dia nesses locais.
Já os escritórios terão menos cadeiras e uso controlado das salas de reunião. Além disso, o home office não deve ser totalmente abandonado, até porque muitas empresas já perceberam que trabalhar de casa não afeta em nada a produtividade, ao contrário do que muitos pensavam antes da pandemia.
Então, quem for para o trabalho certamente encontrará espaços mais vazios. Mas essa não deve ser a única novidade. Uma nova ambientação, com sinalização voltada para o respeito à distância entre os colaboradores, uso correto de banheiros e copas, lembretes para o uso de máscaras e higienização das mãos passa a ser uma necessidade indispensável.
Mudança de hábito
Nenhuma das ações acima terá efeito se cada profissional que vai se dirigir ao escritório não souber exatamente o que fazer para proteger a si mesmo e os demais do Coronavírus.
Por isso, embora a data de retorno ainda não esteja definida em boa parte das empresas, muitas organizações já estão elaborando guias de boas práticas detalhados para os funcionários. Esses materiais contêm orientações sobre o que fazer ao sentir os sintomas da doença em casa ou quando estiver no trabalho, recomendações para o uso de elevadores e escadas, definição de processos para o recebimento de encomendas, uso de copas e outras áreas de convivência, entre outras informações.
Quanto ao deslocamento, há até mesmo casos em que as companhias planejam oferecer aos funcionários a possibilidade de utilizar serviços de aplicativo de transporte, como o Uber, para evitar o uso de metrôs e ônibus.
Independentemente da realidade de cada organização, é importante não deixar medidas como essas para depois. Se o planejamento é fundamental para o aumento da segurança nos escritórios, a comunicação dessas ações com antecedência também pode ajudar os colaboradores a assimilarem a nova realidade com mais facilidade.
Para inspirar
No início de junho parte dos funcionários da seguradora Mapfre voltou ao escritório. Essa volta foi escalonada e começou pela alta direção da empresa. A ideia foi colocar a liderança para experimentar primeiro a nova realidade no ambiente de trabalho e, eventualmente, promover ajustes.
Em seguida, outros colaboradores puderam retornar ao escritório em São Paulo e nas mais de 70 sucursais da empresa. No fim de junho, cerca de 20% dos 3,5 mil colaboradores já haviam retornado.
Já nos Estados Unidos, a Apple iniciou a primeira fase de seu plano de retorno ao trabalho na sua sede em Cupertino, também em junho. Esse movimento foi pautado por um modelo bastante restrito, com a permissão de circulação de apenas alguns funcionários, em dias selecionados da semana.
Os colaboradores da gigante da tecnologia norte-americana têm a temperatura monitorada e fazem testes diários de saúde. Máscaras são obrigatórias durante todo o período de permanência dentro da sede.