Felizmente, quase dois anos depois de seu início efetivo no Brasil, a pandemia de Covid-19 começa a dar sinais de que está passando e a volta à vida pré-vírus parece estar cada vez mais próxima.
Depois do pico da calamidade, das perdas e prejuízos resta para as empresas aprenderem a lição da importância da antecipação dos riscos e a prevenção de crises.
“Prevenir é melhor que remediar”
Nunca um ditado popular fez tanto sentido no mundo corporativo. Do ponto de vista do processo de gerenciamento de crises, as empresas de todos os portes aprenderam a duras penas que a prevenção é a única forma de minimizar os problemas causados por uma crise.
Para Ágatha Camargo Paraventi, Professora da Faculdade de Comunicação Cásper Líbero, especialista em Gestão de Riscos e Governança Corporativa, a prevenção é importante, pois somente a partir de um cuidado com a Governança Corporativa e com uma adequada Gestão de Riscos é possível proteger o valor de uma organização.
“Cada vez mais, e a pandemia ampliou essa percepção, o mercado e as organizações passaram a perceber os desafios de gestão e de recuperação da confiança após uma crise. Neste sentido, a capacidade de prevenir eventos adversos e seus desdobramentos é fundamental para a proteção da reputação organizacional”, explica ela.
Flávio Schmidt, Coordenador da área de Gestão de Crises do Grupo Trama Reputale, complementa:
“Nos tempos atuais nenhuma empresa pode se dar ao luxo de passar por crises além das que o próprio negócio impõe. Por isso, o trabalho de prevenção de crises é essencial para que as organizações tenham segurança em suas operações”, disse.
Para os especialistas, a prevenção de crises traz benefícios que vão além dos impactos financeiros, jurídicos e reputacionais, que, geralmente, são os primeiros a serem identificados em um cenário de crise.
Principais Benefícios da Prevenção de Crises
Ágatha ressalta que as vantagens também são competitivas em função da capacidade de acesso e valorização em mercados que cada vez mais exigem conformidade e gestão de riscos.
“Além disso, a prevenção de crise traz uma vantagem gerencial ao promover uma visão integral da organização, construída a partir de uma abordagem que busca aprimorar processos, produtos e serviços para mitigação dos riscos monitorados; e ainda contribui para o desenvolvimento da cultura organizacional, ao envolver cada funcionário na gestão do cuidado em toda a cadeia produtiva e de valor daquela organização”, diz.
“A principal vantagem de um trabalho bem feito de prevenção de crises é não deixar as empresas expostas a riscos desnecessários que atrapalhem sua operação e seu desenvolvimento. Com mais segurança, elas sempre estarão um passo a frente de seus concorrentes no mercado”, completa Flávio.
As lições da pandemia
Pode-se dizer que a pandemia da Covid-19 foi um marco no universo da Gestão de Riscos. Várias empresas tiveram que fazer adaptações em suas classificações de risco, influenciadas por mudanças em formatos de trabalho e até de modelos de negócio.
Por exemplo, a atenção aos riscos decorrentes do trabalho telepresencial, das novas medidas incorporadas às políticas de saúde e segurança; e das transformações nos produtos e serviços para adaptá-los ao novo contexto mercadológico e social.
“Adicionalmente, as organizações passaram a ser mais observadas, julgadas e pressionadas por responsabilidade e coerência narrativa nas iniciativas internas e externas para redução dos impactos da pandemia. Isso também é um reflexo da situação gerada pela pandemia”, explica Ágatha.
Passado o momento mais agudo da pandemia as empresas agora devem trabalhar para garantir a recuperação social e econômica de seus negócios.
Neste cenário, Flávio também considera que houve uma grande mudança, pois “há alguns anos as crises eram esporádicas, mas agora fazem parte do cotidiano o que leva os executivos a acharem que têm controle da situação, mas que na verdade os tornam muito mais vulneráveis. Nesse caso, a prevenção de crises passou a ser ainda mais fundamental, pois mantém as empresas alertas e levam os executivos a agirem antes mesmo que a crise aconteça”.
Para Ágatha, a principal lição da pandemia foi que de uma forma geral a atenção ao monitoramento de riscos internos, de mercado, regulatórios e de redes sociais se tornaram mais presente nas organizações.
“Atualmente, tenho observado uma busca maior por uma cultura organizacional data driven, de modo a orientar a tomada de decisões de forma mais ágil e embasada, em um contexto com tantas transformações”, finaliza.