Pesquisas anuais como as realizadas pelo Reputation Institute mostram que as lideranças das empresas são tidas como figuras mais confiáveis que acadêmicos ou autoridades públicas. Esses mesmos estudos indicam que a opinião pública apresenta maior confiança nas organizações nas quais trabalham do que na imprensa, por exemplo.
A liderança, sem dúvida, é um dos canais mais importantes nas organizações. A conduta de um líder é modelo para sua equipe e, até mesmo, para outras áreas. Uma empresa pode ter ótimos propósitos, os valores solidificados ou a melhor proposta de valor ao empregado (EVP), porém, sem o apoio e atuação direta da liderança, nada disso se desenvolve e é internalizado ou vivenciado pelos demais colaboradores.
Um exemplo claro disso aparece quando perguntamos os colaboradores, principalmente de áreas mais operacionais, por meio de qual canal de comunicação eles desejam ser informados. A resposta principal, quase sempre, é: pelo meu gestor imediato.
Liderança Protagonista e Colaborativa
Kalil Blanco, gerente de Estratégias Digitais no Grupo Trama Reputale, diz que é preciso que a liderança seja sempre a primeira a ser incluída em qualquer processo de transformação organizacional, com um papel de protagonismo e colaboração, para que possa transmitir as mensagens-chave corretas e estimular comportamentos adequados em sua equipe.
Além disso, é preciso que mais líderes também se vejam como um canal de comunicação. Em uma pesquisa realizada com 2.200 médios gestores, 66% dos participantes apontam a si mesmos como a principal fonte de informação da sua organização para as equipes. Esse ainda pode representar um indicador relativamente baixo, mas que com grandes esforços es estratégicos, a cada ano, caminho a passos largos para se consolidar cada vez mais.
Para Tauanne Alves, head de Recursos Humanos para a América Latina na Solenis, empresa norte-americana do setor químico, cliente da Trama Reputale do núcleo de Comunicação Interna, os líderes são o principal canal de comunicação de uma organização.
“Vemos muito isso nas pesquisas de cultura e clima organizacional. Diferentes equipes da mesma empresa, que recebem o mesmo material corporativo, se sentem mais ou menos informados a depender de como o seu líder imediato ajuda a reforçar as mensagens-chave, traduzir e fazer conexões de temas estratégicos com as atividades que a equipe realiza no dia a dia”, cita Tauanne.
Relação líder e liderado
A atividade de um líder e de um gestor não está restrita às ações de medir, controlar e supervisionar. Um verdadeiro líder inspira as pessoas com suas atitudes e trata os seus colaboradores de uma forma que eles trabalhem com prazer, satisfação, autoestima, motivação, inspiração.
Kalil Blanco acredita que o diálogo aberto e transparência são essenciais em qualquer relação de confiança. Líderes devem desenvolver e nutrir um ambiente no qual seu time sinta-se confortável para tratar sobre os mais diversos temas, de dúvidas operacionais do dia a dia a questões sensíveis para o ambiente de trabalho, como conflitos com colegas.
“O mais importante é que os líderes se posicionem como parceiros de seu time e sejam vistos como tal, ao invés de apenas uma figura de autoridade”, completa.
Tauanne afirma ainda que “um líder precisa amar sua equipe. Cuidar das pessoas. Enxergá-las como indivíduos com necessidades, anseios e capacidade infinita de realizar projetos e executar trabalhos, desde que estejam inspiradas, engajadas, conectadas com o sentido de suas atividades. O líder também deve sempre estar atento às oportunidades de reconhecer sua equipe e comunicar a elas sobre os resultados do trabalho com o qual estão contribuindo.”
Tomada de consciência no dia a dia
Muitos líderes desconhecem o seu papel na comunicação e no engajamento de suas equipes. Na visão de consultores, isso acontece, pois, muitas pessoas aprendem a ser líderes na prática, empiricamente. Por isso, a comunicação deve, em primeiro lugar, esclarecer e reforçar que eles possuem um papel fundamental nessa ciranda e representam uma peça-chave na estrutura comunicacional.
O primeiro passo para que a Comunicação Corporativa atraia, sensibilize e faça a gestão das lideranças enquanto um importante canal de relacionamento com os público internos é promover encontros periódicos para debates sobre a cultura organizacional e boas práticas, capacitando-os sobre e promovendo a escuta ativa.
“Muito mais do que prêmios, as pessoas querem ser ouvidas e sentirem-se parte de algo maior. Para que isso aconteça, é necessário que a liderança seja a primeira a experimentar a relevância do diálogo no dia a dia, da colaboração em processos de transformação organizacional e do protagonismo no desenvolvimento de soluções e projetos que trarão resultados para a empresa”, aponta Tauanne.
“Trabalhei em uma organização que tinha um instrumento interessante que se chamava ‘Farol’. Toda vez que uma comunicação importante precisava do apoio do líder, ele recebia a informação antes com essa sinalização, isso significava que ele tinha um papel fundamental de iluminar o tema para todos os demais”, relembra a Head de RH na Solenis.
“A comunicação interna das empresas precisa estar preparada para lidar de maneira adequada com a liderança. Se utilizada com responsabilidade, autenticidade e alinhamento, ela é um poderoso recurso para que as organizações conquistem mais espaço junto a seus públicos e, o mais importante: engajamento e orgulho de pertencer por parte dos seus colaboradores”, finaliza Kalil Blanco.