Talvez você deva estar se questionando: o que o craque de futebol do Santos e da Seleção Brasileira tem a ver com um tema tão complexo?
Partindo da premissa que nós, da Trama Comunicação, acreditamos que a educação corporativa é a base para toda e qualquer transformação ligada à cultura organizacional de uma empresa, temos aqui uma pista sobre o que humildemente pretendemos debater nos parágrafos a seguir.
Despertar o senso de pertencimento, estimular a necessidade de contínua capacitação, levar todos ao pensamento crítico/analítico e, por consequência, ao ato de inovar para sobreviver em um mercado tão acirrado são tarefas comuns aos gestores das organizações contemporâneas. Diga-se de passagem, desafios dos mais difíceis.
Talvez por que a nova geração de profissionais que chega ao mercado tenha adquirido uma formação universitária pragmática, direcionada a resultados e não a pensar o macro-ambiente, ou seja, o entorno de tudo aquilo lhe cerca e lhe comove. As próprias instituições de ensino superiores focam suas propagandas em “formação rápida”, “antenada às necessidades mercadológicas”, “para aquilo que o cenário de hoje requer”. Mas, pensemos: o que será que o mercado efetivamente está desejando?
Vivenciamos, sem sombra de dúvidas, um apagão da massa crítica, de profissionais que saibam desconstruir um raciocínio para construí-lo novamente sob outros prismas. Perdeu-se o silogismo, a capacidade de correlacionar coisas e diria mais: o desejo árduo por informação de qualidade. Vivemos mesmo a era do “já li, já sei, não é preciso ir além”.
Ao me deparar, hoje, com a entrevista do célebre jogador do Santos foi inevitável não traçar o comparativo. Veja um trecho: “Apesar de ser considerado por muitos a grande esperança da seleção brasileira para a Copa do Mundo de 2014, Neymar revelou que pouco assistiu da principal seleção do mundo na atualidade, a Espanha”, dizia o texto do UOL.
E mais: havia ainda as seguintes aspas dele: “”Vi a final da Eurocopa, a final da Copa do Mundo, mas são poucos os jogos que eu vejo”, contou. “Mesmo o futebol brasileiro eu não costumo assistir. Dificilmente vejo futebol”, completou o jovem atacante.
Neymar não é nem mais, nem menos que os outros. É apenas espelho da atual geração da qual é porta-voz: aquela que busca a fama instantânea e não a fama construída. A geração que contenta-se em estudar apenas o próprio universo e esquece que o benchmarking, que o networking e tantos outros “ings” que já foram moda no ambiente corporativo são peças, sim, fundamentais para o crescimento pessoal e profissional.
Neymar dar de ombros à Espanha e aos jogos de futebol na TV é o mesmo que um torneiro mecânico de uma montadora dizer não se interessar pelos carros avançados da fabricante vizinha, ou então, um advogado afirmar que não lê jurisprudência de outros países, mesmo que essas ainda não sejam aplicáveis ao contexto brasileiro.
A educação corporativa, calcada em diversos pilares, entre os quais o endomarketing e a comunicação interna, é a chave para interver essa ótica. É a mola capaz de fazer com que as contribuições da força de trabalho atravessem gerações, disseminem crenças/valores, construam marca e reputação. Temos certeza que todo esse processo de mudança começa sempre de dentro para fora. Daí a importância do tema para nós, comunicólogos.
E vou além: a educação corporativa é capaz de transformar pensamentos, atitudes, na base e no topo. Ensina a ler, a correr atrás da informação, a debater, a colocar-se no lugar do outro e a observar, sobretudo. Se ainda restam dúvidas sobre sua importância, que tal procurarmos para um bate-papo, ou vai ficar aí, dando uma de “Neymar”?