O conceito não é tão novo, mas ganhou destaque durante o cenário pandêmico que atravessamos. A comunicação interna precisa ser cada vez mais estratégica, direcionada e segmentada a seus públicos de interesse. Afinal, quem comunica tudo, o tempo todo, não comunica nada. Concorda? A solução para a infoxicação pode estar na Big Data, processo fundamental para uma comunicação bilateral e certeira, seja na internet e fora dela.

 

Acorde! O smartphone está logo ali, a um braço de distância.

Twitter. Quais assuntos estão entre os trending topics hoje?

WhatsApp. De ontem para agora, um amontoado de 400 mensagens não lidas. Meu Deus! É grupo de trabalho, família e de amigos.

Dá tempo de ver alguns posts no Instagram e outros vídeos no TikTok?!

Mal o dia começa e a quantidade de informação absorvida por um único indivíduo torna-se excessiva. É quase impossível de absorver e racionalizar as ideias.

Isso é o que o espanhol Alfons Cornella, especialista em ciência, tecnologia e inovação com mais de 30 livros e mais de mil artigos publicados, denomina “Infoxication”.

 

O que é Infoxication?

 

A infoxicação, information overload ou infobesity é quando a mente perde a capacidade de processar dados, e, consequentemente, dificulta tomadas de decisões. Se no âmbito pessoal o ser humano já sofre com o excesso de conteúdo, imagine no profissional.

Mas como determinar o que realmente é válido para o funcionamento do cérebro? São muitas distrações: futilidades cotidianas, fake news, publieditoriais, publiposts etc. Todas elas tomam parte do tempo quando é preciso focar no que realmente importa.

 

Infoxication e Big Data: os negócios na Era dos Dados

 

Mas o mesmo problema de absorção de dados sofrida pelo humano acontece igualmente dentro das corporações. Tanto a análise dos dados quanto a capacidade analítica estão comprometidas com os excessos.

Para separar o joio do trigo, as empresas investem em profissionais com essas habilidades e tecnologias de processamento. a Big Data é uma solução real e atualmente aplicada em multi times.

Com a evolução e a aderência da Big Data em comunicação corporativa, a coleta e a “tradução” dessas informações agregaram ainda mais valor à área e à estratégia de negócios da companhia.

 

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Agnaldo Cunha, cientista de dados da Kearney

 

Agnaldo Cunha, cientista de dados e consultor da consultoria Kearney, explica que “antes, quem processava o grande volume de dados estava em áreas como Física, Matemática ou TI. Não existia uma faculdade de Data Science, por exemplo. Agora, a necessidade por informações passa a ser compartilhada com todo mundo: como os dados estão sendo observados, tratados etc. A coleta do processamento de dados não é algo exclusivamente técnico mais. Independente da profissão, trabalhar com dados é essencial”, avalia.

 

 

 

 

Em meio a pandemia, é possível enxergar a aderência dos dados que Cunha cita. Os meios de comunicação fazem scraping (coleta de dados), estruturam dashboards concentrando e cruzando informações sobre o Covid-19.

Isso ajuda na tomada de decisão em áreas mais afetadas ou em ações de segurança visando à saúde ocupacional de seu time de colaboradores, por exemplo.

A criação de um planejamento estratégico de Big Data começa com a definição de processos, objetivos e a aplicação de ferramentas e serviços de análise de dados.

Para operacionalizar a receita do sucesso, é preciso também apostar em cientistas de dados, analistas, consultores, entre outros profissionais ou prestadoras de serviços especializados.

É através desses olhos que a comunicação terá uma leitura mais acurada de um ecossistema de dados gigantesco, e, com isso, ter em mãos insights poderosos para campanhas de comunicação interna e estratégias de posicionamento de marca em social media, de modo a promover escuta e diálogos pertinentes à organização nas mais variadas esferas.

A partir desses passos, é possível resguardar a empresa com uma vantagem competitiva, e, com isso, amadurecer e ampliar os negócios.

 

Mineração de Dados nas Redes Sociais

 

Empresas como a Coca-Cola e o Grupo Globo interagem e acompanham dados gerados pela Big Data para ajustes de rotas das estratégias de negócio.

Em 2015, a Coca entendeu como os seus produtos são representados, consumidos e onde estão seus clientes. A partir daí, a empresa usou a tecnologia de reconhecimento de imagens tiradas pelos fãs, orientada por Inteligência Artificial, para adequar os anúncios ao melhor formato.

Já a Globo, criou uma sala de conversa, um espaço para que todo o relacionamento da empresa seja orientado por dados. Todo o trabalho desenvolvido nesse laboratório tem a intenção de captar uma percepção, um entendimento ou uma visão do público sobre a marca, seus produtos e materiais de divulgação. E, a partir dessa captação, organiza-se tal informação para os tomadores de decisão no chamado marketing de relacionamento.

O potencial de captar esse relacionamento aplicado aos dados é massivo. São coletas de dados de redes sociais, ferramentas de captação de e-mails para a área de CRM, ligações recebidas e registradas em sistema, entre outras inúmeras possibilidades.

Toda a interação que acontece com a marca alimenta esse hub onde tem subáreas específicas que mostram como as pessoas estão se relacionando com esses dados, com a marca e seus produtos, como os programas de TV.

Uma subárea específica tem o objetivo de interagir com o público. Exemplo: explicar melhor ou mesmo entender as percepções da audiência acerca de um determinado personagem da novela ou participante do Big Brother Brasil.

A partir da organização de alguns dados e o compartilhamento com os criativos responsáveis, por exemplo, cria-se um ambiente para a escrita de uma novela, seriados e demais projetos da casa.

 

“As nossas interações tendem a ser mais objetivas a cada passo que as empresas estão entendendo as nossas opiniões”, diz Cunha. E completa: “Brinco que, daqui a pouco, chegaremos em um restaurante com a mesa posta com tudo aquilo que queremos e gostamos. Mas com isso perde-se a surpresa, a naturalidade. Tudo ficará mais matemático e menos criativo, talvez. Mas também contamos com a moderação para que isso não aconteça”.

 

Cinco Passos para uso de Big Data

 

Para apurar e organizar essa infinidade de informações é necessário ter uma estratégia madura em Big Data. Para cada empresa ou área não existe um padrão. O que existe são alguns norteadores que podem ser utilizados como primeiros passos:

 

  1. Defina um objetivo para sua estratégia de Big Data. O que você quer que os dados contenham?

 

  1. Determine o valor econômico de seus dados para monitorar o retorno do investimento e convencer stakeholders da relevância dos seus dados.

 

  1. Escolha uma abordagem de Big Data aderente ao seu objetivo: gerenciamento de desempenho; exploração de dados; Social Analytics; ciência da decisão.

 

  1. Debata e priorize as fontes de dados.

 

  1. Invista em ferramentas e serviços especializados.

 

Mas lembre-se: toda informação é válida, desde que tenham um propósito.

Senão, serão apenas linhas e colunas em uma planilha sem uma inteligência aplicada para levar resultados ao negócio.