Startup acaba de receber seu primeiro aporte privado, no valor de R$1,5 milhão, realizado por investidores brasileiros e liderado pelo economista Eduardo Zylberstajn
Gabriel Liguori e Emerson Moretto, fundadores da TissueLabs. Crédito: Divulgação
A TissueLabs, startup brasileira de biotecnologia fundada por pesquisadores da Universidade de São Paulo e incubada no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (CIETEC), acaba de receber seu primeiro aporte privado, no valor de R$1,5 milhão, realizado por investidores brasileiros e liderado pelo economista Eduardo Zylberstajn. O investimento permitirá à startup aprimorar suas tecnologias, desenvolver novos produtos e expandir suas atividades para o exterior.
Atualmente, a TissueLabs desenvolve e comercializa insumos, equipamentos e serviços que dão suporte a cientistas ao redor do mundo trabalhando na fabricação de órgãos e tecidos em laboratório. Esses órgãos artificiais, por serem fabricados com as células do próprio paciente, não causam rejeição, possibilitando solucionar os desafios para cura ou progressão de doenças crônicas, tais como, a escassez de doadores e a rejeição de órgãos pós-transplante.
Investimento
Em 2019, quando os sócios Gabriel Liguori, médico e Ph.D., e Emerson Moretto, engenheiro e mestre, fundaram a startup, contavam com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que financiara, através do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), um projeto para industrialização do processo de manufatura das biotintas comercializadas pela TissueLabs.
Liguori conta que eles esperavam crescer de maneira independente, “bootstrap”, como se diz no linguajar das startups, até conhecerem Zylberstajn. “Quando conversei pela primeira vez com ele, ele me contou que sua filha, assim como eu, foi diagnosticada com uma malformação cardíaca ao nascer, exigindo operação ainda quando criança. Na época, eu já desenvolvia projetos de pesquisas, objetivando a fabricação de órgãos e tecidos em laboratório e a esposa de Eduardo, Fernanda, liderava uma ONG de suporte às famílias de crianças cardiopatas”.
Com o decorrer das conversas, Liguori compartilhou com Zylberstajn seus planos para tirar do papel o sonho de fabricar um coração artificial em laboratório, através de sua startup, a TissueLabs. O sonho, então, não era mais apenas dos fundadores da startup e passou a ser também o de Eduardo e Fernanda.
Segundo Liguori, o objetivo da TissueLabs vai além de se estabelecer como uma empresa de sucesso. “Nossa missão é mudar o destino de milhares de pessoas que, de outra forma, morreriam na fila por um transplante. Com a possibilidade de ter o casal Zylberstajn liderando a rodada de investimento, nós, da TissueLabs, ficamos tranquilos em saber que nossos futuros investidores entravam com o mesmo objetivo do time fundador, salvar vidas”, informa.
Projetos da TissueLabs
A TissueLabs desenvolve suas atividades através de um modelo descrito pelos seus fundadores como “dual business model”. Por um lado, a startup oferece à comunidade científica os meios para fabricar órgãos e tecidos em laboratório. Ao mesmo tempo, desenvolve suas próprias linhas de pesquisa, objetivando a fabricação de órgãos e tecidos para comercialização no futuro. Hoje, a startup nacional já trabalha com o desenvolvimento de tecidos cardiovasculares, como vasos sanguíneos e valvas cardíacas, além de tecidos que desenvolve em parceria com outros pesquisadores, como pele artificial.
Dentre seus produtos, a TissueLabs oferece aos cientistas uma bioimpressora 3D, chamada de TissueStart™, que permite a impressão 3D de órgãos em laboratório. O equipamento funciona de maneira semelhante às impressoras 3D convencionais, porém, é projetado para permitir a extrusão do que os cientistas chamam de “biotintas”, combinações de hidrogéis com células, em altíssima resolução, e sem causar danos às células durante o processo de impressão 3D.
Durante a pandemia de COVID-19, a empresa também foi destaque ao lançar uma plataforma que mimetiza em culturas de células o microambiente de dentro dos pulmões, permitindo estudar a doença de maneira mais fiel à realidade no organismo. A plataforma, chamada de MatriWell™, foi distribuída gratuitamente pela startup para todos pesquisadores trabalhando com o vírus SARS-CoV-2, causador da pandemia. Recentemente, o projeto ganhou ainda mais força, com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), que investirá R$500.000 para que a plataforma alcance ainda mais pesquisadores no Brasil e no mundo.