Por Daniel Campos
É fato que ao longo dos anos alguns tópicos passaram a ocupar maior espaço nas discussões e prioridades da sociedade. Na última década, passamos a olhar com mais cuidado e prioridade os fatores internos e externos que afetam nossa saúde mental. Com isso, a preocupação com o bem-estar dos funcionários tem se tornado uma preocupação cada vez mais presente nas estratégias corporativas de diversas empresas ao redor do mundo.
Esse enfoque reflete a crescente conscientização sobre os impactos positivos que a promoção do bem-estar psicológico dos colaboradores pode trazer para o desempenho organizacional e para a qualidade de vida dos indivíduos.
Historicamente, o tema da saúde mental foi relegado a segundo plano nas corporações, enquanto os aspectos físicos eram frequentemente enfatizados. No entanto, ao longo das últimas décadas, as organizações perceberam que as questões psicológicas são fundamentais para o desempenho e para a produtividade geral no ambiente de trabalho. O estresse excessivo, a ansiedade e a depressão, por exemplo, são problemas comuns que afetam a performance, a criatividade e o engajamento dos colaboradores.
De acordo com os dados divulgados pela Justiça do Trabalho, no Brasil, os transtornos mentais são a terceira maior causa de afastamento do trabalho. Por isso, cada vez mais a conscientização sobre os efeitos negativos da negligência da saúde mental no trabalho faz com que líderes empresariais e profissionais de recursos humanos repensem suas estratégias e adotem medidas proativas para abordar essas questões.
A pesquisa realizada pela KPMG, uma das principais empresas de consultoria do mundo, trouxe insights valiosos sobre a importância atribuída à saúde mental. O estudo, conduzido com líderes empresariais e profissionais de RH, destaca o quanto a saúde mental está emergindo como uma prioridade significativa nas agendas corporativas.
De acordo com os dados da pesquisa, cerca de 80% dos entrevistados afirmaram que a saúde mental é agora uma das principais prioridades em suas empresas. Isso representa um notável aumento de atenção em relação a décadas anteriores, refletindo a mudança de mentalidade em direção ao bem-estar emocional dos colaboradores.
Fatores Impulsionadores
Vários fatores têm impulsionado essa mudança de postura nas empresas em relação à saúde mental dos funcionários. Entre eles, destaco alguns:
Impactos no Desempenho: empresas perceberam que funcionários sobrecarregados e estressados têm menor produtividade e estão mais suscetíveis a cometer erros. Investir na saúde mental dos colaboradores resulta em uma equipe mais engajada e produtiva.
Custos Associados: problemas de saúde mental podem levar a licenças médicas prolongadas e aumento dos custos de saúde para a empresa. Abordar essas questões proativamente pode reduzir despesas e melhorar a estabilidade organizacional.
Responsabilidade Social Corporativa: empresas estão reconhecendo sua responsabilidade em promover um ambiente de trabalho saudável e de apoio, valorizando não apenas a produtividade, mas também o bem-estar de seus colaboradores.
Retenção de Talentos: funcionários que se sentem apoiados e valorizados tendem a permanecer mais tempo na empresa, reduzindo a rotatividade e economizando recursos com treinamentos frequentes para novos colaboradores.
Diante tantos benefícios que tendem a aliviar as despesas das empresas, os gestores têm adotado diversas estratégias para promover o bem-estar emocional de seus funcionários, como adoção de programas de apoio psicológico, treinamento e gerenciamento de estresse, maios flexibilidade no trabalho e uma cultura organizacional mais inclusiva.
Na EDC Group, por exemplo, adotamos uma postura mais flexível no trabalho presencial. O escritório passou a ser mais acolhedor com áreas feitas especialmente para estimular a interação e descontração entre os colabores. Entendemos que essas pausas para conversar, descansar se distrair ou até mesmo jogar algo durante a jornada de trabalho fazem parte da natureza humana e não existe razão para desestimular isso.
Essa é uma tendência benéfica tanto para as organizações quanto para os indivíduos, já que ajuda a construir uma relação de confiança e valorização mútua. Embora esse movimento e priorização das pautas de bem-estar psicológico sejam cruciais para a sustentação de uma sociedade mais saudável, não deixa de ser uma mudança impulsionada principalmente pelo lucro. Cabe aos gestores e funcionários tornarem essas práticas culturais dentro das empresas, dessa forma, os benefícios se sustentarão dentro das organizações de forma mais vitalícia.
Daniel Campos é CEO da EDC Group