Quiet Quitting: pesquisa aponta que 11,9% dos brasileiros são adeptos da conduta
Levantamento divulgado pela EDC Group traz panorama sobre o nível de engajamento dos brasileiros no trabalho, burnout é a maior preocupação
Divulgação: Pexels/ Antoni Shkraba
No ano passado, o termo quiet quitting passou a estampar boa parte do feed dos usuários do LinkedIn e segue sendo um dos assuntos mais discutidos entre os gestores de RH. A tradução literal do conceito significa “demissão silenciosa”, no entanto, os adeptos do fenômeno não visam necessariamente a demissão e sim limitar suas tarefas às estritamente necessárias dentro da descrição dos cargos. A remuneração, cultura empresarial, idade e até mesmo o gênero podem estar relacionados à adesão da conduta. É isso o que aponta a pesquisa realizada pela EDC Group.
De acordo com o levantamento da multinacional brasileira com atuação na área de consultoria e outsourcing de serviços, 11,9% dos respondentes são adeptos da prática, desses, 47,53% são compostos por profissionais com cargos abaixo das lideranças. Entre eles, 67% são homens, 33% estão entre 25 e 34 anos e 54% são assistentes/analistas. Em contrapartida, os líderes e presidentes demonstram um nível maior de desgaste, 64% dos supervisores, por exemplo, disseram executar mais funções do que o previsto nos contratos de trabalho.
‘’Embora o quiet quitting seja uma filosofia que está cada vez mais ganhando adeptos, a pesquisa demonstra que a força de trabalho brasileira tem uma grande tendência de sobrecarga. Dos estagiários até os presidentes, todos assumem mais funções do que os cargos preveem. Quando analisamos o recorte por gênero, os dados ilustram que 59% das mulheres estão sobrecarregadas com mais tarefas do que o habitual, frente aos 57% dos homens’’, analisa Daniel Campos Neto, CEO e founder da EDC Group.
A idade e nível de senioridade dos cargos também exercem grande influência na sobrecarga dos trabalhadores. Quanto mais velho e quanto maior o cargo na empresa maior o índice de sobrecarga no trabalho. Os presidentes, por exemplo, são os que contam com a maior taxa de ansiedade ao retornar ao trabalho após o final de semana, 33% deles se sentem angustiados com a quantidade de tarefas que precisam desenvolver.
‘’A pesquisa que desenvolvemos tinha como principal objetivo mapear o índice da prática de quiet quitting. No entanto, conseguimos sinalizar vários outros pontos de atenção sobre o nível de engajamento e sobrecarga dos trabalhadores. Nossa pesquisa mostrou que o nosso maior risco é o burnout, extremo oposto do quiet quitting’’, ressalta Daniel Campos.
De acordo com o Instituto Gallup, estima-se que pelo menos metade da força de trabalho norte-americana seja adepta dessa espécie de “filosofia”. Já no Brasil, outros números são alarmantes, a pesquisa realizada no início de 2022 pela empresa Gattaz Health & Results, ilustrou que um em cada cinco profissionais brasileiros, ou 18%, sofrem com a síndrome do burnout. Outros 43% expuseram sintomas depressivos. Já com queixas relacionadas à ansiedade foram 24%.
A pesquisa da EDC Group aponta um índice semelhante sobre o risco de burnout. De acordo com o levantamento, 19,51% dos participantes se sentem angustiados, desmotivados e sobrecarregados. A maioria são mulheres e estão na faixa-etária dos 25 aos 34 anos.
Outra análise possível dos dados, é que com a alta taxa de desemprego no Brasil, os profissionais aceitam uma maior sobrecarga de trabalho como forma de garantir o cargo. Como consequência, temos altos índices de burnout. Cenário bem diferente dos EUA. De acordo com o Relatório de Emprego divulgado pela Payroll no início de janeiro, o país conta com uma taxa estável de desemprego de 3,7%.
‘’Em mercados com baixos índices de desemprego como os Estados Unidos, os funcionários se sentem seguros para migrarem de empresas e tendem a não aceitar a sobrecarga de tarefas, por isso acabam sendo mais suscetíveis ao quiet quitting, executando apenas as tarefas para as quais foram contratados. A taxa de desemprego no Brasil está acima dos 8%’’, explica Daniel.
Mapear a forma como os trabalhadores se sentem em relação ao trabalho é crucial para a criação de novas políticas, benefícios e reestruturação nos códigos de conduta e cultura das empresas. Para o CEO da EDC Group, esse é o momento dos empresários e recrutadores entenderem que o equilíbrio no fluxo de trabalho é a solução para esse cenário em desequilíbrio.
‘’De um lado temos os funcionários que decidiram restringir as funções apenas ao que é essencial, do outro, temos um grande volume de colaboradores com risco de desenvolverem burnout. Esse panorama exemplifica a desproporcionalidade na distribuição das tarefas e a falta de incentivo que muitos colaboradores enxergam dentro das companhias. No momento, o quiet quitting não pode ser considerado um risco para o mercado brasileiro, contudo temos a oportunidade de aprender como esse fenômeno tem se desenvolvido em outros países e aprimorar a forma de gestão da força de trabalho em nossas empresas’’.
Metodologia
A empresa ouviu 328 pessoas de todo o País para entender a forma como as pessoas se relacionam com o trabalho e suas funções. O levantamento reuniu informações de recorte por idade, cargo e gênero e foi aberto e divulgado nas redes sociais da empresa e para os contatos da base de dados da EDC Group.
Post Linkedin Daniel
A nova pesquisa que desenvolvemos na EDC Group é destaque na Forbes! 🎉
No ano passado, o termo quiet quitting passou a estampar boa parte do feed dos usuários do LinkedIn e segue sendo um dos assuntos mais discutidos entre os gestores de RH. Diante disso, desenvolvemos uma pesquisa para mensurar o quanto essa prática faz parte da rotina dos brasileiros. Com mais de 300 amostragens, conseguimos apurar pontos importantes que podem nortear gestores e companhias na adesão de práticas empresariais mais saudáveis para os colabores. Entre os insights que merecem destaque estão:
👉12% dos respondentes praticam quiet quitting;
👉 67% dos adeptos ao quiet quitting são homens e 33% estão entre 25 e 34 anos;
👉 Dos estagiários até os presidentes, todos assumem mais funções do que os cargos preveem;
👉19,51% dos participantes se sentem angustiados, desmotivados e sobrecarregados no trabalho.
No momento, o quiet quitting não pode ser considerado um risco para o mercado brasileiro, contudo temos a oportunidade de aprender como esse fenômeno tem se desenvolvido em outros países e aprimorar a forma de gestão da força de trabalho em nossas empresas. Confira os principais dados na integra!