São Paulo, dezembro de 2012 – “O Porto Digital é a Bordeaux do software”, comemora Francisco Saboya, presidente do polo tecnológico localizado na capital pernambucana. O motivo é a concessão, pelo INPI – Instituto Nacional de Propriedade Intelectual, da primeira indicação de procedência do país para uma prestadora de serviços. O selo certifica que os softwares produzidos em seu perímetro têm qualidade atestada.
A indicação de procedência é uma indicação geográfica que indica regiões reconhecidas por seus produtos únicos. Mundialmente, são famosas as certificações de alimentos franceses, como os vinhos da Champagne e os queijos de Roquefort. No Brasil, já receberam a certificação Paraty, para suas aguardentes, e o pampa gaúcho, para carne bovina, por exemplo.
Para conseguir o selo, o Porto Digital teve de abrir um precedente junto ao INPI, defendendo ser um contrassenso não proteger patrimônio construído pelo homem. Segundo Saboya, “foi difícil para o INPI porque não tinha precedente, assim como será difícil para a gente dar os próximos passos a partir de agora”. A princípio, são cinco empresas que estão aptas para receberem o certificado: Procenge, Pitang, MVM, Vectra e Segsat. Entretanto, elas ainda passarão por uma auditoria para garantir que preenchem todos os requisitos exigidos.
Outro desafio do parque tecnológico será conscientizar as empresas instaladas da importância de alcançarem o patamar do selo. Dado que a certificação é um diferencial para elas, se elas não aderirem, farão softwares como qualquer outra empresa não reconhecida.
De acordo com o presidente do Porto Digital, é preciso que o recifense, e também o brasileiro, aproprie-se e orgulhe-se da marca Porto Digital, assim como o francês porta-se quanto ao Bordeaux. “É mostrar que tem um pedaço do Recife que acumulou uma série de atributos fabricados pelo homem que geraram um ambiente produtivo singular e que vamos vender para o resto do mundo. Vamos dizer a Nova York, Paris, Tóquio, Londres que tem um lugar no Brasil que é especial, singular, o Recife, onde se produz softwares e serviços de tecnologia da informação em padrão superior."
Espera-se que a certificação também seja um diferencial para o investidor de tecnologia, já que o Porto Digital é uma região demarcada e altamente qualificada. A reputação da região, indiscutivelmente, será ampliada tanto no país quanto no exterior, garantindo resultado para aqueles que resolverem apostar nas startups do parque tecnológico pernambucano.
Sobre o Porto Digital
O Porto Digital é um dos pilares da nova economia do Estado de Pernambuco, com 200 empresas que faturaram uma média de R$ 1 bilhão (2010) e empregam mais de 6.500 pessoas. Sua atuação se dá em atividades altamente intensivas em conhecimento e inovação, que são software e serviços de tecnologias da informação e comunicação e economia criativa, em especial os segmentos de games, multimídia, cine-vídeo-animação, música, design e fotografia, além de propaganda e publicidade.
Considerado uma referência na implementação do modelo da ‘triple helix’, o Porto Digital é fruto de uma ação coordenada entre empresas, governo e academia, que resultou, após 10 anos de sua fundação (2000), num dos principais ambientes de inovação do País.