Por José Messias Júnior
Nos últimos meses, tenho sido bombardeado de perguntas sobre as inteligências artificiais generativas, as famosas machines learning que estão cada vez mais populares entre os milhares de usuários da Internet. Assim como todos, nós, especialistas em tecnologia, nos perguntamos sobre a aplicabilidade dessas ferramentas no dia a dia da cadeia de produtiva de tecnologia e, claro, nos questionamos também sobre os possíveis gaps e malefícios que essas inteligências podem impulsionar.
Um dos chatbots mais notáveis é o GPT (Generative Pre-trained Transformer), que utiliza a tecnologia de aprendizado de máquina para gerar respostas baseadas em texto. Embora o uso do Chatbot GPT na área de TI e programação ofereça inúmeras vantagens, é importante também considerar os possíveis desafios e limitações associados a essa tecnologia.
Ao contrário do que muitos defendem, não acredito que esse tipo de IA será capaz de substituir o processo de programação e desenvolvimento de TI feito por humanos, isso porque a ferramenta costuma não fornecer respostas precisas e corretas em todos os casos. Em situações complexas ou pouco comuns, o chatbot pode gerar informações incorretas ou incompletas, o que pode levar a decisões errôneas e ações inadequadas.
Além disso, O GPT pode ter dificuldade em compreender o contexto completo de uma pergunta ou problema. Embora ele possa gerar respostas gramaticalmente corretas, por exemplo, pode falhar em entender as nuances e sutilezas do contexto técnico específico, levando a respostas imprecisas ou irrelevantes.
Embora esse tipo de tecnologia seja realmente um grande avanço na otimização de diversas tarefas, precisamos compreender que o código dessa máquina de alto aprendizado ainda está em fase de teste e desenvolvimento. Com isso, erros e o que chamamos de ‘’alucinações’’ ainda são comuns e esperados. Por isso, o ideal é que a ferramenta seja utilizada enquanto um suporte, o que não inibe o processo de criação e curadoria humana.
Dentro do setor de TI, sobretudo no processo de formação de novos programadores, as machines learning podem ser muito uteis. Entre as utilidades, destaco o suporte técnico e ágil que esses chatbots oferecem. Os desenvolvedores e profissionais de TI podem obter respostas rápidas e precisas para suas dúvidas e problemas, agilizando o processo de solução de bugs, por exemplo.
O GPT possui a capacidade de armazenar e recuperar grandes volumes de informações. Isso significa que os desenvolvedores podem aproveitar os conhecimentos previamente adquiridos para obter informações relevantes sobre problemas comuns, soluções alternativas e boas práticas de programação. Os desenvolvedores também podem aproveitar o chatbot GPT para automatizar tarefas repetitivas e de baixo valor agregado. Por exemplo, o chatbot pode gerar automaticamente partes do código-fonte com base em requisitos específicos fornecidos pelos programadores.
Entretanto, é preciso atenção ao uso desenfreado da ferramenta para o desenvolvimento de códigos, sobretudo, no período de aprendizado desses programadores. Muitos alunos utilizam a ferramenta para desafios técnicos para estágios e vagas e acreditam que não é possível identificar a ‘’marca’’ do Chat GPT no código. Porém, assim como escritores e jornalistas conseguem identificar um texto gerado pela IA, programadores experientes também identificam esse uso e eliminam esses candidatos automaticamente. Afinal, o objetivo dos testes não é captar códigos perfeitos e, sim, entender se aquele profissional domina a linguagem.
Os chatbots GPT têm o potencial de trazer benefícios significativos para a área de TI e programação, proporcionando suporte técnico ágil, acesso a informações abundantes, aprendizado contínuo e automação de tarefas repetitivas. No entanto, é importante estar ciente dos desafios e limitações associados a essa tecnologia, incluindo a precisão limitada, a compreensão contextual restrita, a falta de empatia e a dependência excessiva. Ao utilizar esse tipo de tecnologia, é necessário buscar um equilíbrio entre a automação e a colaboração humana, a fim de obter melhores resultados.
Em resumo, não é possível definir com certeza os impactos a médio e longo prazo que esse tipo de IA proporcionará. Entretanto, o que podemos fazer é utilizar essa tecnologia a nosso favor, impulsionando nossas habilidades e o processo de aprendizado. Assim como toda ferramenta disruptiva, a inteligência artificial está revolucionando a forma como produzimos. Nesse momento, não existe espaço para medo e, sim, para adaptação e otimização. Embora o Chat GPT seja incrível, o potencial de adaptação e interpretação dos humanos ainda segue na frente e com uma boa vantagem.
* José Messias Júnior é CEO da Cubos Academy, uma das maiores edtechs do Brasil