Diagnóstico realizado pela consultoria indica que 18% das companhias já possuem um nível avançado de maturidade, enquanto 53% ainda dão os primeiros passos; o resultado indica que organizações avançam na direção correta, mas precisam acelerar o ritmo
São Paulo, 10 de julho de 2023 A Kearney, uma das maiores consultorias globais de gestão de negócios, acaba de divulgar os resultados do estudo ” Jornada ao Net Zero: Maturidade e Estratégias vencedoras no mercado brasileiro”. A análise identificou a maturidade das organizações brasileiras em suas iniciativas de descarbonização e compensação de emissões. Entre as descobertas do estudo está o fato de que as companhias caminham na direção correta, conduzidas pelo entendimento da iniciativa privada sobre a importância do Net Zero e seu impacto para os negócios, e catalisado pelas movimentações regulatórias recentes relacionadas ao mercado de carbono
Para realizar o diagnóstico, a Kearney avaliou mais de 70 variáveis transversais aos 13 setores de atuação das 38 empresas analisadas. O estudo agregou essas variáveis em duas dimensões: ambição, visão de compromisso e participação nas principais iniciativas e coalizões do mercado, e a parte operacional e organizacional das empresas para a entrega de suas estratégias rumo ao Net Zero.
Thayza Tabisz, consultora da Kearney e uma das responsáveis pelo levantamento, destaca que o Brasil tem um potencial enorme no mercado de carbono florestal, detendo 40% das florestas tropicais do mundo – só a Amazonia brasileira é avaliada em US$ 210 bilhões anuais relativos ao armazenamento de carbono, segundo o estudo intitulado “A Balancing Act for Brazil’s Amazonian States, An Economic Memorandum”, do World Bank Group. “O Brasil tem potencial de aumentar cerca de 4x a sua fatia desse mercado, chegando a 49% do mercado voluntário global.”
“Há uma série de discussões normativas em torno do tema, sobre a possibilidade de geração de créditos de carbono em áreas de concessão florestal e as iniciativas do governo e do Congresso na tentativa de estabelecer um mercado regulado, por exemplo. O intuito é trazer segurança jurídica ao mercado”, avalia Gianluca Marchi, consultor da Kearney e corresponsável pelo estudo. “O setor privado está acompanhando esse movimento, interessado na agenda”, complementa.
O estudo revelou que mais da metade das empresas estão envolvidas com temática – 89% com relatório de sustentabilidade e 60% com metas de redução – mas nem todas estão prontas para comprometimentos maiores. Os números e sua progressão, na visão da Kearney, são bastante coerentes com o cenário. “Para se ter um ano meta é preciso ter uma estratégia estruturada. À medida que as empresas progridem, as iniciativas aumentam em grau de complexidade. Existe um processo que precisa ser seguido e isso toma tempo”, explica Thayza.
Quadrante de maturidade
A Kearney organizou um quadrante de maturidade das empresas em Líderes, Executoras, Aliadas e Iniciantes. O resultado aponta 18% delas como líderes – aquelas com iniciativas em estágios mais avançados em todas as dimensões. As executoras são 11% e representam organizações de indústrias pesadas e que precisam avançar em sua ambição, com metas mais agressivas de Net Zero. No quadrante das aliadas (18%) aparecem companhias focadas em transparência e comunicação, mas que precisam evoluir suas operações para reduzirem riscos de acusações de greenwashing. Finalmente, o quadrante das iniciantes reúne o maior percentual de empresas: 53% delas, que ainda dão os primeiros passos em suas jornadas rumo às emissões líquidas zero.
Motivadores
O estudo também buscou descobrir o que motiva as empresas a se descarbonizarem e compensarem emissões. Investimentos verdes, força da marca e o interesse na internacionalização foram os principais drivers. “Investidores com critérios ESG cada vez mais rígidos exigem estruturas operacionais maduras para financiamentos verdes”, explica Thayza, destacando que 86% das empresas consideradas líderes tiveram acesso a investimentos verdes. Entre as executoras, o índice é de 100%, e cai para 35% entre as iniciantes. Nenhuma das aliadas recebeu esse tipo de investimento até aqui.
Quando o assunto é o fortalecimento da marca, 100% das empresas líderes e executoras estão entre as TOP 100 Marcas Brand Finance 2023. O índice cai para 57% e 25% das aliadas e iniciantes, respectivamente.
O estudo apontou também que as empresas brasileiras com operações internacionais são mais maduras (86% entre as líderes) em sua ambição e estruturas operacionais para se adequarem aos requisitos e regulações de outras geografias.
Estratégias vencedoras
Entre as estratégias que têm trazido resultados – e presentes em empresas maduras – estão iniciativas como a revisão de processos para reduzir emissões diretas, a adoção de ações para elevar a eficiência energética (win-win com ganhos financeiros e redução de impacto ambiental), o redesenho de produtos e serviços visando alternativas mais sustentáveis, e a gestão de fornecedores e matéria-prima com base em métricas ESG.
Finalmente, o estudo identificou que as empresas líderes alcançam altos níveis de redução de CO2e, em torno de 10% anual quando consideramos emissões de CO2e por receita, e,quando tratamos de compensação, tem preferência por projetos nature-based.
Próxima fase
A Kearney planeja uma nova fase de sua análise, que irá considerar um maior número de empresas e que não necessariamente tenham seus dados abertos. Por isso, aquelas organizações interessadas em compreender o seu estágio de maturidade e ajudar a Kearney a ampliar a amostragem podem entrar em contato pelo email sustainbiz.americas@kearney.com.