Entre as problemáticas, a falta de incentivo e domínio de conhecimentos nas áreas de exatas é considerado o maior desafio para atrair novos talentos
A área de tecnologia da informação segue sendo uma das mais promissoras. No Brasil, assim como no mundo, a demanda por profissionais da área TI tem crescido significativamente. Apesar do mercado em expansão, a falta de capacitação dos jovens e o gap de ensino de matemática e lógica são encarados como grandes desafios para a formação de novos profissionais, conforme aponta a Cubos Academy, uma das maiores edtechs do Brasil.
“O último Levantamento do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) mensura que somente 5% dos estudantes do ensino médio da rede pública têm aprendizado considerado adequado em matemática. Com certeza, essa falta de preparo impacta muito na hora de escolher qual área seguir, por exemplo. Afinal, se eles não dominam matemática, a tendência é o distanciamento de áreas embasadas em conhecimentos mais lógicos’’, explica José Messias Júnior, CEO da Cubos Academy.
De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), o setor de TI deve gerar mais de 400 mil empregos no Brasil até 2024. A alta demanda por mão de obra especializada poderia ser compensada pela capacitação dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos, por exemplo. Esse público (25%) representa a maior parcela de desempregados e desocupados do País com idade útil para trabalhar, conforme aponta o levantamento do IBGE. Entretanto, a falta de incentivo e domínio de conhecimentos matemáticos é considerado um grande desafio.
‘’A área de TI é com certeza uma das mais promissoras do País e do mundo. A revolução tecnológica faz parte da realidade global e preparar novos profissionais para suprir a demanda dessa sociedade cada vez mais conectada é essencial. Embora o setor tenha passado por alguns lay-offs, assim como a grande maioria das áreas, é importante ressaltar que o crescimento do nicho de TI é real. Sobretudo considerando a constância de expansão desse mercado mesmo em períodos desafiadores’’, ressalta José Messias Júnior, CEO da Cubos Academy.
Embora não seja necessário um amplo conhecimento em matemática para ingressar na área de TI, a falta de bagagem em conhecimentos básicos é um desafio para os jovens que desejam ingressar na área. Para além dos obstáculos que esses estudantes enfrentam ao concluir o ensino médio, as empresas de formação que recebem esses estudantes também precisam se preparar para rever conteúdos que não foram absorvidos nas salas de aula do ensino tradicional.
“Com certeza existe atenção a esses gaps de ensino. Precisamos revisitar os conteúdos que fazem parte da grade de matemática e lógica do ensino médio e garantir que o estudante de fato aprenda esses conceitos. Não é incomum recebermos estudantes que precisam absorver esses conhecimentos do zero. O que com certeza é um desafio para ambos os lados, tanto para os estudantes, quanto para a edtech que precisa estar preparada para lidar com esse enorme gap’’ explica o CEO.
Para além do processo de absorção de conteúdos, também é necessário acompanhar os fatores psicológicos intrínsecos no processo de aprendizagem. A Cubos Academy conta com uma psicóloga educacional que mapeia todas as dificuldades que esses estudantes enfrentam, conforme compartilha José Messias Júnior.
“O processo de aprender algo novo é bem complexo e demanda esse acompanhamento psicológico. Sobretudo, considerando a frustração que muitos desses estudantes carregam desde o ensino médio por não conseguirem absorver os conhecimentos básicos em exatas que fazem parte do cotidiano dos programadores. Para lidar com essa problemática, temos todo um time de suporte focado especialmente nisso’’.
Para um futuro que demandará cada vez mais especialistas em tecnologia da informação, é necessário começar a prospectar esses talentos desde cedo. Para isso, a edtech defende programas de incentivo aos conhecimentos da área de exatas e a desmistificação da própria área de TI.
“Esse distanciamento e baixa procura pela área são problemáticas que giram em torno dessa falta de conhecimento sobre o setor. Tanto os órgãos públicos quanto as empresas privadas precisam se unir em prol dessa causa. Afinal, o desenvolvimento tecnológico é um interesse nacional que deve começar dentro das escolas. Para além de um País mais estruturado tecnologicamente, conseguiríamos equilibrar os alarmantes índices de desemprego e desocupação que acometem principalmente os jovens’’, finaliza o CEO.