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Artigo: Espírito empreendedor e comunicação – uma fórmula para conviver no ecossistema de inovação

Cietec - Artigo

Crédito: divulgação

O mundo do empreendedorismo é cheio de gurus com fórmulas mágicas. Mas, certamente, qualquer gestor de ambientes de inovação, com o objetivo de apoiar o nascimento e o fortalecimento de startups que visam escalar, já se deparam, ao longo de suas vivências diárias, com os mais diferentes tipos e perfis de empreendedores.

Isso porque ninguém é igual a ninguém, ou ainda, todos somos diferentes, e porque não dizer, somos únicos em nossas diferenças.  Em minha trajetória encontrei os mais variados tipos de empreendedores vitoriosos, que se tornaram importantes e famosos com suas empresas, cheios de grana, e ainda, realizados por desenvolverem inovações com propósitos que resolveram gargalos para a sociedade.

Uns eram gênios competentes e realizadores. Monstros criativos que eram cheios de energia para transformar em realidade seus sonhos. Outros eram apenas cheios de ideias e de boa vontade, mas demonstraram ao longo do tempo pouca capacidade realizadora para que aquele negócio fosse a frente.

Hoje se fala muito na importância de se ter um propósito, ou seja, ter uma ideia inovadora, colocá-la em prática, gerar lucro e ainda promover impacto positivo na sociedade. Os empreendedores com um propósito claro sabem onde querem chegar, e sobretudo, dispõem da energia e resiliência necessárias para enfrentar a trajetória, que certamente não é tarefa fácil.

Como dizia Peter Drucker, “o empreendedorismo não é nem ciência, nem arte. É uma prática.” E eu diria ainda que é um conjunto de práticas. Parte delas são intrínsecas, ou seja, fazem parte do íntimo ou interior do empreendedor. Parte delas são extrínsecas, vão além do foro íntimo e englobam processos como a construção de um bom plano de negócio, registros fiscais, capital de giro, a conjuntura econômica ou social, entre outros.

A parte intrínseca é a força motriz que impulsiona, que faz mover o empreendedor. Dela faz parte o chamado espírito empreendedor, aquilo que o inspira e o move a um propósito maior. Muitas vezes essa é a diferença que faz uns enxergarem, por exemplo, algo como barreira, e outros como uma oportunidade de solucionar um problema na sociedade.

A inovação hoje está sendo vista como uma importante ferramenta para o desenvolvimento econômico e social de comunidades, cidades e países, pois possibilita a inserção de novas ideias para resolver os grandes problemas do dia a dia e atender as mais diversas necessidades do ser humano.  

Inovação gera valor e ajudará na construção de um mundo mais justo, inclusivo, igualitário e seguro para todos.

 

Espírito Empreendedor 

Para um empreendimento é fundamental além de conhecimento técnico, o perfil do Empreendedor, ou o chamado espírito empreendedor que, de acordo com o SEBRAE, possui as seguintes principais características: Autoconfiança, Automotivação, Criatividade, Flexibilidade, Liderança, Iniciativa e Elevado poder de comunicação.

O empreendedor nos ambientes de inovação

Ao longo desses 23 anos de trajetória no ecossistema de inovação, conheci empreendedores de todo tipo, alguns com muitas características do espírito empreendedor outros com poucas. Encontrei os generosos, que contribuíram com uma parte da inovação, adubaram o terreno, para que outros dessem continuidade e chegassem a vencer.

Encontrei também os desconfiados que demoraram mais tempo para estabelecer uma relação de confiança, mas que com o tempo aprenderam a riqueza da troca e da colaboração no ambiente de inovação. E aqueles que perderam o time e foram “tratorados”, quero dizer, atropelados por grandes grupos econômicos, ou big players, com tecnologias que passaram por cima de TUDO e de TODOS.

Conheci os relacionais que gostavam de receber visitas, ou seja, eram abertos a fazer parte do networking riquíssimo dos ambientes de inovação. E aqueles que pedem, por favor, para não serem importunados – e são respeitados. Também têm os otimistas que, mesmo nos piores momentos, distribuem sorrisos que animam a todos ao seu redor.

Também me deparei com os conhecidos workaholics, mas os chamo de worklovers, que de tão devotados ao projeto/negócio que até esquecem da família e precisam ser alertados sobre a importância desse equilíbrio para sua vida e para o próprio negócio. E, encontrei também, os devotados à família e aos amigos que não percebem que sua startup só vai decolar se ele dedicar mais tempo do seu dia aos negócios – estes também são cuidadosa e diplomaticamente alertados.

Achei empreendedores, que além de seus projetos inovadores, tornaram-se bons e cordiais amigos. Vi muitos casamentos acontecerem de relações bacanas nascidas nesse ecossistema de inovação e alguns outros casais que se encontraram por aqui e suas relações logo acabaram, como também vi casais que chegaram e prosperaram, e, até mesmo, procriaram.

Mas, vale registrar que NUNCA testemunhei empreendedores se tornarem empresários vitoriosos, ou parcialmente vitoriosos, sem saber lidar com PESSOAS, também conhecidas como GENTE, que são o segredo (que todos sabemos) do sucesso de uma empresa.

Daí nossa experiência afirmar que de todas as características aquela que sobressai no sucesso do empreendimento é exatamente o empresário que exerce liderança, e pela sua simpatia, e poder de comunicação sempre misturado com competência, consegue estruturar e manter o seu time de colaboradores motivados, tirando o melhor de cada um.

Bem sabemos que, como gestores, devemos estar motivados e passar essa motivação e energia a eles o tempo todo, mas a recíproca também é verdadeira. Cada empresário motivado e energético nos alimenta e nos turbina para tocar mais produtivo o dia a dia e com retornos potencializados a eles, empresários.

Um empreendedor bem humorado e empático pode fazer toda a diferença para inspirar sua equipe e estabelecer conexões colaborativas. E lembre-se um mundo melhor pode começar com um simples sorriso e um bom dia.

Muito mais vi, mas ficarei por aqui, entretanto, embora gostando de tudo que vi e vivenciei, fiquei triste pelo que soube e acompanhei de errado e não pude contribuir para corrigir o rumo. Sim, continuaremos aprendendo, todos os dias, para entregar para a sociedade o melhor de cada um transformado em produtos e serviços inovadores.

E para finalizar, adapto a frase de George Bernard Shaw, com uma pitada de humor que carrego comigo em TODOS os momentos da minha vida profissional, e pessoal, e vou misturando essas estações com muita alegria e prazer: Those who can, do. Those who can’t, teach. Those who do neither, write clever things or bullshit. (Em português: Aqueles que podem, fazem. Aqueles que não podem, ensinam. Aqueles que não fazem nem uma coisa nem outra, escrevem coisas legais ou besteiras.)

Cietec - Sérgio

*Sergio Risola é diretor-executivo do Cietec.

 


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