Veja iniciativas brasileiras de combate ao coronavírus que desenvolveram soluções para promover diagnósticos mais rápidos ou novos equipamentos de saúde
*Por Sergio Risola
Imagem ilustrativa. Crédito: Divulgação
São Paulo, maio de 2020 – O mundo hoje vive uma pandemia que tirou tudo do lugar. Adiou planos, mudou completamente o cenário, milhares de pessoas morreram em diferentes países em decorrência da Covid-19, e cientistas correm contra o tempo em busca de tratamentos eficientes ou de uma vacina que seja capaz de prevenir a infecção.
O Cietec não poderia ficar de fora deste desafio mundial, já que trabalhamos todos os dias apoiando projetos e iniciativas inovadoras que trazem soluções à nossa população. E, neste momento, não podemos agir diferente. Nossas startups, que atuam em diversos segmentos, estão desenvolvendo soluções para tentar conter a disseminação do vírus, promover diagnósticos mais rápidos ou desenvolver novos equipamentos de saúde, entre outros.
Pensando nisso, apresento, para você leitor, algumas das ações que foram e estão sendo desenvolvidas por empresas da Incubadora USP/IPEN-Cietec, começando com uma notícia inédita sobre a S’AGAPO Genética.
No dia 27 de abril será inaugurado, no Cietec, o núcleo tecnológico do laboratório S’AGAPO Genética que vai realizar exames laboratoriais com foco na saúde e no bem-estar humano, mas, nesse momento, com a atividade 100% dedicada aos exames sorológicos e moleculares para a COVID-19.
Ferramentas para transformação digital e saúde
A Sgridd desenvolveu a solução sWorker, ferramenta inédita de transformação digital dos procedimentos do trabalho, com recursos para gestão da segurança e medicina ocupacional. A plataforma permite integrar sensoriamentos e equipamentos diversos, tornando o processo totalmente digital. Com a ferramenta é possível, por meio de sensores inteligentes alocados no trabalhador e no ambiente de trabalho, o monitoramento on-line da saúde dos profissionais, além de outras funções.
O dispositivo monitora parâmetros como a temperatura corporal, que está sendo uma das considerações mais relevantes para identificar rapidamente o indício de contágio pela COVID-19. Desta forma, o sWorker permite ações rápidas de investigação e isolamento do profissional para realização de procedimentos e cuidados médicos. Além disso, esta ação evita a contaminação da força de trabalho causado pela COVID-19. Atualmente, a plataforma está em fase de implantação e agregando funções de monitoramento por imagem associado a técnicas de sensoriamento inteligente.
A Brasil Ozônio desenvolveu e validou o sistema BRO3-INATIV para aplicação de água ozonizada em concentração de ozônio de até 2pm, em forma de névoa, concentração que destrói vírus e bactérias. A solução pode ser aplicada tanto em pessoas (externamente), como em superfícies. Além disso, a empresa também criou e validou o sistema BRO3-HÁ voltado para a aplicação do ozônio em forma de gás, com concentração de até 26.000ppm, em ambientes fechados, sem a presença de pessoas, para destruir vírus e bactérias. Ambos os sistemas ajudam na mitigação de vírus, podendo ser aplicados em ruas, trens, ônibus, autos, hospitais, escolas, universidades e, principalmente, em túneis nas ruas ou entradas e saídas do trabalho.
A Sonata Solutions, está desenvolvendo tecnologias que exploram o plasma (quarto estado da matéria) para o tratamento de feridas crônicas. A startup está direcionando essas tecnologias de esterilização por meio de plasma para combater o COVID-19 de duas formas: esterilizando ambientes e embarcando soluções em robôs de limpeza.
Monitoramento da qualidade do ar em ambientes internos
O Ministério da Saúde assinou o primeiro acordo, desde que a pandemia de coronavírus atingiu o país, com um fabricante nacional de respiradores hospitalares, a Magnamed. O projeto visa entregar 6.500 aparelhos até agosto, com expectativa de 2.000 unidades no primeiro mês
A empresa ingressou no Cietec, em 2006, para o desenvolvimento, fabricação e comercialização de respiradores mecânicos. No período, recebeu fomento do PIPE- Fapesp, Finep Subvenção e RHAE do CNPq.
Graduou-se na incubadora em 2008, iniciando suas atividades industriais e comerciais numa unidade fabril, na Vila Mariana. Ela recebeu investimento do Criatec/BNDES em 2015 e, hoje, produz seus respiradores portáteis para UTIs, numa moderna fábrica na cidade de Cotia (SP). Uma história de sucesso da inovação de São Paulo e do Brasil, colaborando para mitigação dos impactos da Covid-19.
O dispositivo SPIRI desenvolvido pela Omni-electronica, startup residente, é capaz de monitorar todos os principais parâmetros relacionados à qualidade do ar em ambientes internos como hospitais e UTIs, além de informar e indicar as ações necessárias para cada ambiente. Desta forma, a solução permite que as pessoas possam respirar tranquilas, fazendo um registro auditável, informando e indicando as ações necessárias para cada ambiente onde se encontra instalado.
A startup fornece dados, relatórios, alertas e visualizações personalizáveis capazes de monitorar a salubridade do ambiente, melhorar a produtividade e a qualidade de vida, além de monitorar normas e padrões de condições de trabalho, por meio de uma rede de sensores Mesh Low Power, com alcance de até 100 metros entre cada ponto de monitoramento e consumo ultrabaixo.
A BR3 está doando meio milhão de tabletes de DengueTech para municípios que estejam enfrentando epidemia de dengue. O volume disponibilizado é para somar e otimizar as ações de controle do vetor, educação e mobilização da população, com foco no entorno de hospitais e postos de saúde, para melhorar a proteção dos edifícios de equipamentos de saúde e também nas suas vizinhanças.
O intuito é utilizar o DengueTech para transformar criadouros em armadilhas nos hospitais, unidades básicas de saúde, e também nos quarteirões de seus entornos. A tecnologia permite que reduzir muito e rapidamente a população de mosquito nas áreas mais críticas, protegendo pacientes e equipes de saúde.
Este são alguns dos projetos de nossas incubadas que destacamos para apresentar o quanto nossos cientistas empreendedores estão contribuindo em soluções para a sociedade.
*Sergio Risola é diretor-executivo do Cietec.