O cenário atual é sensível para os veículos de comunicação e para os jornalistas no Brasil. No 20º Índice Global de Liberdade de Imprensa, elaborado pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o país ocupa o 110º lugar, entre 180 analisados.
“…O Brasil caiu quatro pontos em relação ao ano anterior, foi para o fim da fila e entrou na zona vermelha, reservada aos países menos dispostos a lidar de forma harmônica com o jornalismo… Nunca os ataques de um governo à imprensa foram tão frontais como agora. Talvez somente durante a ditadura militar, mas nunca a imprensa tradicional foi tão questionada…”, escreveu André Marsiglia Santos, especializado em liberdades de expressão e de imprensa e Membro da Comissão de Liberdade de Imprensa da OAB-SP, em artigo publicado no Estado de São Paulo.
O relatório da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) sobre violações à liberdade da expressão também revela um aumento de profissionais de imprensa vítimas de atentados, agressões, ameaças, ofensas e intimidações. Pelo menos 230 profissionais e veículos de comunicação sofreram algum tipo de ataque em 2021, 22% a mais comparado com 2020.
O documento aponta como principal autor das ofensas ao longo de 2021 o presidente Jair Bolsonaro (PL), que acabou de ser condenado neste dia 8 de junho a pagar R$ 100 mil por danos morais coletivos contra jornalista.
De acordo com apuração do portal UOL, é a primeira vez que um governante em exercício é condenado coletivamente por falas contra a imprensa que, não raro, incluíam ataques homofóbicos e misóginos.
O desaparecimento recente do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira na Amazônia divulgado também esta semana, dá indícios a que tipo de violência os profissionais da imprensa estão sujeitos no Brasil.
“É fundamental que nossas principais autoridades, o próprio presidente, a maior autoridade do país, tenham muita tranquilidade nesses momentos para que não guiem nos apoiadores o discurso de ódio”, afirmou o presidente da Abert, Flávio Lara Resende, em entrevista à Folha de São Paulo.
Imprensa e Democracia
Os próprios veículos de comunicação deixaram sua disputa pelo “furo da informação” de lado e entenderam que é preciso criar projetos colaborativos para garantir que continuem desempenhando seu papel com qualidade e segurança.
Em junho de 2020, em uma iniciativa inédita, jornais, sites e emissoras de TV se uniram e formaram um consórcio para trabalhar de forma colaborativa e buscar as informações necessárias sobre o avanço da Covid-19 em todos os estados brasileiros. O objetivo era combater a desinformação imposta pelo governo ao restringir acesso a dados sobre a pandemia.
O consórcio mantém sua cooperação para combater casos de desinformação. Neste último dia 7 de junho, quando comemoramos Dia Nacional da Liberdade da Imprensa, os integrantes se mobilizaram para sensibilizar a sociedade. Além de reportagens especiais sobre o tema, todos os jornais impressos e sites do consórcio trouxeram no último dia 7 de junho um anúncio de página inteira e uma tarja preta no alto de suas capas, com o texto “Dia Nacional da Liberdade de Imprensa. Uma campanha em defesa do jornalismo profissional”.
Já o Jornal Nacional, da TV Globo, surpreendeu seus telespectadores com um minuto de silêncio dos apresentadores. Na sequência, declararam: “O silêncio incomoda. Dia Nacional da Liberdade de Imprensa. O caminho da democracia é a informação.”
A nossa mensagem
Diante deste cenário, fica claro a importância de todos nós, como cidadãos e junto com as marcas que representamos no ambiente corporativo, nos unirmos para defendermos a Liberdade da Imprensa, uma conquista inerente à própria existência da democracia.
Informações críveis, baseadas em dados e em diferentes perspectivas, ajudam cada um de nós a formarmos opinião e tomar decisões que impactam não só nossa vida, mas de toda nossa sociedade.