Segundo a consultoria IDC, o Brasil concentra mais de U$ 45 bilhões dos investimentos globais em tecnologia (2022), sendo finanças e telecomunicações os setores responsáveis por liderar esse movimento, com foco especial em internet das coisas, inteligência artificial e big data.
E o que esse cenário revela para os profissionais e o mercado da comunicação? Por que investimentos em novas tecnologias seriam, dentre as milhares de mudanças e prioridades, relevantes para a área?
A resposta é bastante simples: as novas demandas criam hábitos e, dentre todos, o de produzir e consumir informação é, provavelmente, o que mais se transforma. Seja pelo surgimento de novos formatos ou por simples mudança na rotina.
Todo bom profissional de comunicação sabe que qualquer ação, campanha ou abordagem bem-sucedida exige a correta compreensão dos hábitos da sua audiência, muito mais do que focar no conteúdo da mensagem a ser transmitida ou do diálogo a ser estabelecido.
Estar preparado para aproveitar o novo momento é imprescindível. Por isso, confira algumas dicas para que possa sair na frente e explorar as oportunidades:
Soft skills importam mais que uma extensa lista de cursos
É claro que o conhecimento e a educação formal têm um importante papel no desenvolvimento de competências, mas não as definem. Competências são mais sobre a forma como você enxerga o mundo à sua volta, age, se relaciona e enxerga a si mesmo, do que os métodos, conceitos e definições que armazena em sua cabeça.
Até 2030, a demanda por profissionais com competências e habilidades emocionais e sociais deve crescer até 24%, enquanto a procura por pessoas com capacidades cognitivas deve crescer até 8%, sendo a criatividade a mais valorizada (McKinsey, 2018).
Isso mostra que, ainda que a tecnologia seja protagonista no mercado de trabalho, saber trabalhar em equipe, ter flexibilidade para lidar com as adversidades e desenvolver soluções criativas permanecerão como competências centrais.
No fim, as chamadas soft skills podem ser aperfeiçoadas ao longo do tempo e abrir portas para novas oportunidades, enquanto investir em cursos deve garantir uma vantagem competitiva de curto prazo ou nem mesmo isso, caso o profissional não demonstre ter domínio dessas habilidades.
Manipular dados é importante, mas saber interpretá-los é muito mais
Na era da produção e armazenamento de milhões de terabytes de dados por minuto, não dá para “não entender muito de números”. É claro que não devemos ser todos experts em estatística avançada, mas saber como ler e interpretar dados para fazer as perguntas certas é questão de sobrevivência.
Seja do seu projeto, empresa para a qual trabalha ou seu próprio negócio, a sobrevivência hoje está atrelada a saber aproveitar os dados que suas atividades diárias produzem para compreender o comportamento dos seus públicos e, mais ainda, o retorno do investimento das iniciativas.
Identificar riscos, oportunidades e respostas consiste, essencialmente, em entender a diferença entre causalidade e correlação para compreender as diferentes interações entre os números. Este vídeo do Canal do Por Quê? explica o tema de forma didática.
Já o Survey Monkey, principal plataforma online para pesquisas de opinião, explica o conceito aplicado a um questionário, ferramenta muito utilizada no dia a dia de qualquer profissionais de comunicação e marketing que deseja acompanhar o impacto do seu trabalho e entender cenários e tendências.
Essas dicas podem ajudar a compreender a importância de eliminar a aversão aos números. Caso queira se aprofundar mais sobre o assunto, ainda que de maneira simples, o livro “Dados Demais!”, de Thomas Devenport, é uma ótimo ponto de partida.
Seja uma eterna versão beta
Talvez a dica mais importante, ser uma versão inacabada de si, implica em reconhecer que você não é definido por sua formação (graduação, cursos técnicos ou qualquer outra fonte de educação formal), tampouco é limitado pelas experiências profissionais dos cargos que já ocupou.
O dinamismo não é uma coisa de momento, mas a nova regra. Você pode ser um especialista em comunicação e atuar em um projeto de desenvolvimento de software, na criação de um novo produto para o mercado financeiro ou mesmo na renovação da carteira de benefícios oferecida pelo RH.
O importante é estar aberto a adquirir novos conhecimentos e habilidades, bem como a desempenhar novas funções. Reconhecer que você comete erros e deve aprender com eles é a chave para aproveitar ao máximo essas vivências. Sofia Esteves, presidente do Grupo Cia de Talentos e Top Voice do LinkedIn, trata dessa questão com propriedade neste texto.
Saber que você pode e deve mudar a qualquer momento não é apenas uma questão de desenvolvimento de carreira, mas de saúde mental. Estar aberto às mudanças não é ser inconstante ou inconsistente em suas escolhas profissionais, mas reconhecer que você pode ser parte da solução dos mais diversos desafios. Virtualmente, essas dicas poderiam ser voltadas a qualquer profissional que atue no mercado corporativo.
No mercado da comunicação, o profissional de hoje, e do futuro, deve ter a certeza de que a relevância estratégica para qualquer empresa está mais ligada a como facilitamos relacionamentos genuínos com coerência, do que ter aquela “sacada” digna de prêmio.
Em tempos nos quais robôs podem fazer qualquer trabalho (autoria de Marco Gomes ), valorizar o humano e estabelecer bons relacionamentos implica em estar pronto para transitar em qualquer ambiente e, também, poder realizar qualquer trabalho.