Janeiro de 2025 marcou o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, reacendendo debates sobre políticas protecionistas, regulamentações do mercado, geopolítica e o papel das empresas no cenário global. Suas primeiras medidas impactaram diretamente corporações norte-americanas, reforçando a necessidade de um planejamento estratégico sólido para proteger a reputação das marcas diante de um ambiente político agitado.
A crescente volatilidade do mercado e das redes sociais exige que empresas se preparem para possíveis crises de imagem que possam surgir a partir desse novo cenário. Mas como evitar que o “Efeito Trump” prejudique a credibilidade da sua marca?
Crises de imagem: como mudanças políticas impactam as empresas?
Crises de imagem ocorrem quando a percepção pública de uma marca é comprometida por fatores internos ou externos. Em um ambiente altamente conectado e polarizado, qualquer declaração, decisão corporativa ou associação política pode rapidamente desencadear reações negativas entre consumidores, investidores e parceiros de negócios.
O impacto na reputação e imagem pode ser direto ou indireto. Algumas organizações podem se sentir pressionadas a mudar diretrizes internas para se alinharem a novas regras, enquanto outras enfrentarão desafios no engajamento do público e na retenção de talentos.
“Independentemente do setor, há uma necessidade crescente de mapeamento de riscos para evitar crises de imagem e manter a coerência com o que já foi construído nos últimos anos”, comenta Flávio Schimidt, coordenador do GESTIC, o Grupo Estratégico de Inteligência em Crises do Grupo Trama Reputale.
Flávio Schmidt, Coordenador da área de Gestão de Crises do Grupo Trama Reputale.
Mapeamento de Riscos: temas para monitorar no pós-Efeito Trump
Para mitigar os impactos do “Efeito Trump“, as empresas precisam adotar uma abordagem proativa, identificando suas vulnerabilidades que possam afetar sua imagem no mercado e desenvolver estratégias de comunicação eficientes, que possam superar esses riscos.
A seguir, destaco algumas áreas que exigem atenção especial:
1) Fake News e desinformação
Com o rápido avanço das tecnologias e mudanças no cenário norte-americano, instaurou-se um ambiente de desinformação, onde “fake news” são usadas como ferramentas políticas e comerciais. Empresas que se posicionam sobre temas sensíveis – como diversidade, imigração e mudanças climáticas – podem ser alvos de campanhas de desinformação, exigindo um monitoramento constante da narrativa pública.
Como mitigar o risco?
- Implementar um time de monitoramento de crises para detectar e reagir rapidamente à desinformação e notícias falsas.
- Garantir que as mensagens institucionais sejam transparentes e fundamentadas em dados concretos.
- Trabalhar com veículos de credibilidade e investir em campanhas educativas para combater a desinformação.
2) Pressão regulatória e impacto no setor corporativo
O novo cenário trouxe mudanças significativas no ambiente empresarial, impactando setores como tecnologia, comércio exterior e segurança digital. Empresas que operam globalmente precisam se preparar para responder a novas exigências legais e ajustes nas relações comerciais internacionais.
Como evitar problemas?
- Reforçar a área de compliance para garantir a conformidade com as novas regras regulatórias.
- Antecipar-se a mudanças fiscais e tarifárias que possam afetar o modelo de negócios.
- Desenvolver um plano de comunicação interna para manter colaboradores e stakeholders informados sobre possíveis impactos no setor.
3) Reputação das empresas diante de posicionamentos políticos
Nos últimos anos, a relação entre marcas e política tornou-se um ponto sensível para a reputação corporativa. Com a polarização crescente, consumidores e investidores esperam que empresas se posicionem de maneira clara sobre questões relevantes, sem comprometer sua base de clientes.
O que considerar?
- Definir uma estratégia clara de comunicação institucional para evitar que a empresa seja arrastada para conflitos políticos.
- Garantir que declarações públicas estejam alinhadas com os verdadeiros valores da marca e não comprometam relações comerciais.
- Criar diretrizes de posicionamento para executivos e porta-vozes, evitando declarações polêmicas que possam impactar a reputação da empresa.
4) Impacto nas relações internacionais e nos negócios globais
As políticas protecionistas do governo Trump já começaram a afetar relações comerciais entre os Estados Unidos e outros países, criando desafios para empresas que operam globalmente. Tarifas de importação, restrições comerciais e sanções podem comprometer cadeias de suprimentos e encarecer produtos e serviços.
Como se preparar?
- Mapear os riscos geopolíticos que podem afetar o setor em que a empresa atua.
- Buscar alternativas de fornecedores e parceiros comerciais para reduzir dependência de mercados instáveis.
- Desenvolver um plano de contingência para minimizar impactos financeiros de mudanças nas políticas internacionais.
A importância de uma consultoria estratégica na gestão de crises
Diante de cenários incertos, empresas que investem em um planejamento estratégico de riscos têm mais chances de preservar sua reputação e minimizar os impactos de crises externas. Para isso, é fundamental contar com a atuação de uma consultoria especializada nesse processo ajudando organizações a:
- Monitorar e antecipar possíveis crises de imagem;
- Criar estratégias de comunicação para lidar com cenários de volatilidade;
- Garantir que a empresa esteja preparada para mudanças regulatórias e políticas que possam impactar suas operações.
“Com a crescente polarização política e social, a autenticidade das marcas nunca foi tão importante. Em um ambiente em que o público tem acesso rápido e direto às informações, qualquer discrepância entre o que as marcas comunicam e o que realmente praticam pode resultar em danos irreparáveis. Por isso, ser fiel aos princípios e propósitos originais para antecipar riscos, mapeá-los, mitigá-los e comunicar com assertividade é, cada vez mais, uma necessidade para as empresas que desejam manter uma reputação sólida no mercado”, diz Leila Gasparindo, CEO do Grupo Trama Reputale.
Leila Gasparindo, CEO do Grupo Trama Reputale.
Empresas que ignoram a necessidade de um planejamento eficaz de riscos e de gerenciamento de crises, correm o risco de comprometer anos de construção de marca em poucos dias.
“O “Efeito Trump” é um lembrete de que a reputação empresarial pode ser um dos ativos mais valiosos – ou um dos mais frágeis”, finaliza Flávio.