Nos últimos cinco anos no Brasil, temas importantes sobre diversidade e inclusão vêm ganhando espaço nas grandes organizações. Entretanto, pouco se fala sobre questões geracionais. Para entender melhor os porquês dessa questão – e explicar como a Comunicação Interna pode contribuir para que as organizações sejam mais inclusivas de fato – não deixe de ler esse texto.

 

As questões geracionais nas empresas trazem alguns desafios. Isso porque o mercado de trabalho que “diz” não pare de se atualizar ou continue estudando é o mesmo que exclui candidatos de um processo seletivo por idade relativamente avançada.

E, então, como fica aquela pessoa que acabou de cursar faculdade, possui mais de 30 anos e precisa de um estágio para conseguir se formar, obrigatoriamente? Você já parou para pensar como alavancar o desenvolvimento de carreira para esse contingente?

Algumas organizações já estão fazendo essa lição de casa.

 

Conectar Pessoas Maduras e Experiências

 

A Maturi, que oferece uma plataforma pioneira no Brasil, trabalha reunindo oportunidades de trabalho, desenvolvimento pessoal, capacitação profissional, empreendedorismo e networking com o objetivo de conectar pessoas maduras e experientes em busca de atividade e ocupação com essas empresas, é uma delas.

Morris Litvak, fundador da Maturi, diz que a ideia de criar a startup surgiu de sua avó, que trabalhou ativamente até os 82 anos. “A partir da história dela, comecei a olhar para essa questão. Percebi que o Brasil e o mundo estavam envelhecendo rapidamente e pouco se falava sobre isso em 2014, quando a instituição foi fundada”, lembra.

 

“Ao ter mais contato com o público maduro, notei a grande dificuldade que eles encontravam para se recolocar ou se manter no mercado. Por meio de muitas pesquisas, consegui identificar que havia realmente um grande preconceito etário quanto à falta de iniciativas endereçando esse tema.”

 

Para ajudar os profissionais com mais de 50 anos de idade, a organização disponibiliza conteúdos de qualificação, como cursos, workshops, eventos, encontros de networking, lives, artigos e e-books, além de materiais sobre atualização técnica e comportamental. O objetivo é ampliar os horizontes de trabalho dessas pessoas, mostrando caminhos para que elas se recoloquem e saibam como empreender e trabalhar por conta própria.

 

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Morris Litvak, da startup Maturi

 

“Oferecemos cursos, workshops e lives que tratam autoconhecimento, tecnologia, vendas, colaboração, networking, longevidade, metodologias ágeis, propósito e por aí vai. São muitos formatos e, hoje em dia, concentramos tudo isso em uma plataforma interna chamada MaturiAcademy.” conta Morris.

No passado, havia cursos e eventos pagos, mas agora o modelo de negócio deles é totalmente voltado às empresas, para quem eles fornecem serviços de divulgação de vagas, processo seletivo, treinamentos e consultoria. Além disso, eles também contam com empresas que patrocinam alguns desses conteúdos voltados ao público com mais de 50 anos. “Nosso retorno é o grande impacto que geramos na vida dessas pessoas e ter elas prontas para as empresas que buscam os profissionais maduros”, conta Morris.

 

 

 

 

Sim à Diversidade Geracional

 

Na Univar Solutions, indústria da área química, um de nossos clientes do núcleo de Comunicação Interna, a diversidade é levada a sério para combater todas as formas de preconceito. “A habilidade é mais importante do que a idade. Competências técnicas importantes para a posição e comportamentais para aderência à cultura são requisitos para as oportunidades, que independem de idade”, diz Elizangela Landolpho, gerente Business Partner de RH e Diversidade, Equidade e Inclusão da Univar Solutions.

É o que também pensa Morris. “A idade é o que menos importa, na verdade. A habilidade técnica e, principalmente, o comportamental, é mais importante, junto com a experiência, comprometimento, vontade de aprender, de trabalhar em equipe e a adaptabilidade.”

 

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Elizangela Landolpho, gerente Business Partner de RH e Diversidade, Equidade e Inclusão da Univar Solutions

 

 

Elizangela salienta que, na Univar Solutions, eles consideram todas as idades em qualquer tipo de processo seletivo, inclusive para estágio, pois todos os perfis de profissionais têm algo a agregar. “Os mais maduros, por exemplo, já vivenciaram muitas situações de mercado, trazem um histórico e background muito relevantes para a organização, além de apoiar a formação dos mais jovens.”

 

 

 

 

 

 

 

 

Comunicação Interna: uma Grande Aliada

 

A inclusão pode (e deve!) ser reforçada na Comunicação Interna, por meio da produção de conteúdos diversos, que abrangem não só questões raciais, LGBTQIA+ e de gênero, mas também as geracionais. A linguagem adequada passa a sensação de pertencimento promove credibilidade para cada geração e aumenta cada vez mais o engajamento de todos os profissionais.

Para isso, a empresa deve conhecer bem o seu público, traçar perfis e identificar as gerações que estão dentro dela e, assim, se tornar cada vez mais multiplataforma, veloz e transparente na hora de se comunicar com todos. A cultura colaborativa é um passo muito importante para alcançar a diversidade em muitos aspectos.

É preciso também esquecer preconceitos enraizados na sociedade, como o que liga a tecnologia e inovação somente aos jovens. As pessoas são diferentes e individuais e, por isso, temos que aprender a dar oportunidades para todos mostrarem do que são capazes e esquecer estereótipos e preconceitos. Com diversidade, os grupos trabalham melhor, com diferentes visões e vivências.

 

Caminhos Abertos para Todos

 

Para o público maduro que acha que não têm mais idade para voltar ao mercado de trabalho, Morris deixa um recado. “Seja curioso, tenha vontade de aprender coisas novas, de se atualizar, de interagir com pessoas novas e diferentes, inclusive mais jovens. Tenha humildade para aprender e trabalhar com eles e entenda que não há limite para quem não fica parado.”

 

E tem mais: “Olhe, além dos caminhos tradicionais. Entenda que o mundo do trabalho mudou e nós precisamos mudar também. O preconceito existe, mas é possível quebrar paradigmas quando acreditamos e estamos preparados.”

 

Elizangela também acredita no potencial dos profissionais com mais de 50 anos e dá dicas para quem está nessa faixa etária. “Uma vez, disse para todos quebrarem os vieses inconscientes que nos assolam sobre essas questões, pois em um mundo volátil, instável e de constantes mudanças as experiências passadas podem contribuir para ajudar as empresas a passarem por tantos desafios que provavelmente você já deve ter vivenciado”, afirma.

 

Ainda segundo a gerente: “Busquem empresas que trabalham o tema de Diversidade & Inclusão, muitas inclusive possuem programas específicos. Você se sentirá mais seguro, confortável e poderá ser você mesmo. Sua energia será direcionada à produtividade e mostrará seu valor naturalmente, sem quaisquer preocupações ou receios sobre a idade”, finaliza.