Não há exagero em dizer que a diversidade é a palavra da vez no mundo corporativo. Seja o alvo da mensagem o consumidor ou os colaboradores, os esforços para transmitir um ideal de inclusão e respeito, independentemente de gênero, raça ou crença estão na pauta da maior parte das empresas Brasil afora.

 

Em 2019, 76% dos gestores que participaram de uma pesquisa realizada pela PwC afirmaram que os investimentos em diversidade e inclusão se tornaram uma prioridade.

Ricardo Sales, sócio da consultoria Mais Diversidade e pesquisador na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), lembra que essa não é uma discussão totalmente nova. O tema surgiu nos Estados Unidos durante os anos 70, como uma resposta às manifestações sociais que ocorreram na década anterior.

 

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Ricardo Sales – Mais Diversidade

 

“O fato é que 2020 se tornou ‘um ponto de virada’ nessa agenda já que, além de ser um ano extremamente atípico, por conta da pandemia, contou com as maiores manifestações raciais desde os anos 60. A pergunta que fica é: se naquela época a resposta das organizações foi oferecer treinamento e políticas antidiscriminação, qual vai ser o posicionamento do meio empresarial no momento que estamos vivendo?”, ele destaca.

“A expectativa quanto à participação das empresas em temas centrais da sociedade é grande e eu percebo que muitas delas já estão atentas a essa demanda”, complementa.

 

 

 

 

 

Bons exemplos

 

Esse é o caso da Solenis, cliente da Trama que atua no segmento de especialidades químicas e tratamento de água. A companhia conta há algum tempo com o W.I.N.S, um programa sólido com foco na capacitação, valorização e em garantir oportunidades iguais de crescimento profissional para todas as mulheres do grupo, ao redor do mundo.

Recentemente, a organização criou o Comitê de Diversidade & Inclusão América Latina. O primeiro passo foi convocar voluntários, entre todos os profissionais, na região. Depois disso, os participantes foram escolhidos, levando em conta a representatividade de diversas áreas da empresa, países da região e, também, de minorias.  O grupo será responsável por discutir e desenvolver ações que ajudem a consolidar um ambiente de trabalho aberto às diferenças.

 

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Juliana Simonetti, gerente de marketing e comunicação da Solenis

 

 

“A formação do nosso comitê, desde a primeira reunião, nos trouxe inúmeros insights positivos. Além da disciplina frente ao tema, nós nos deparamos com uma nova realidade, que é a força e energia gerada a partir de diferentes olhares. Um diálogo genuinamente empático é criado quando todos têm oportunidades iguais e são incluídos na conversa. As experiências de cada um, somadas, aumentam nossa capacidade de inovar e derrubar barreiras que antes não eram percebidas”, declara Juliana Simonetti, gerente de marketing e comunicação da Solenis.

 

 

 

 

Outro cliente da agência, a Univar Solutions também tem uma iniciativa voltada especificamente às mulheres: a Rede de Inclusão de Mulheres (WIN) é liderada por colaboradoras e tem a missão de permitir que todas se conectem, compartilhem as melhores práticas, construam novas comunidades e incentivem a conscientização cultural em toda a companhia.

Lá, há ainda a Rede LGBT, um comitê formado pelos funcionários em 2019, que promove ações de inclusão para o público LGBT+ com o objetivo de combater o preconceito.

 

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Elizangela Landolpho, business partner de RH da Univar Solutions

 

“Queremos redefinir a distribuição e nos diferenciar de nossos concorrentes, através de otimização, inovação e crescimento. Entendemos que chegaremos a esses objetivos também pela jornada de Diversidade & Inclusão. Cada ser é único e para construção de um ambiente que considera suas perspectivas e experiências, estruturamos o nosso comitê”, conta Elizangela Landolpho, business partner de RH da Univar Solutions.

 

 

 

 

 

 

Vantagens Competitivas

 

Segundo um estudo realizado recentemente pela Ernst & Young (EY), empresas que investem na diversidade de seu quadro de funcionários tem um aumento de 30% no lucro, em média.

Em complemento, Sales afirma que muitas pessoas já não admitem mais trabalhar em um ambiente que seja hostil a determinados grupos ou preconceituoso.

“Além de ser importante para a sociedade, esse é um tema crucial para os negócios. Hoje, temos uma quantidade significativa de estudos e pesquisas que explicam por que uma empresa inclusiva tem melhores indicadores de inovação, engajamento, criatividade e sofre menos com desafios como turnover ou absenteísmo”, afirma.

 

Estratégia também precisa ser inclusiva

 

Mas para que qualquer esforço voltado à inclusão traga bons resultados para os negócios, é importante que as organizações tenham uma estratégia muito clara, bem definida e construída a muitas mãos.

“Deve trabalhar na mesma direção um conjunto de stakeholders que envolvam áreas como Recursos Humanos, Comunicação, Sustentabilidade e Negócios. O diálogo com os colaboradores, fornecedores e clientes, entre outros atores desse cenário, não pode ser negligenciado”, destaca Sales.

Por fim, o caminho é compreender quais são os objetivos de curto, médio e longo prazo, quais são os indicadores de desempenho e como monitorar os avanços. E nesse sentido, a comunicação tem um espaço importante, pois é dela o papel de fomentar a cultura dentro de uma empresa.

“Então é preciso utilizá-la para desenvolver um trabalho de diversidade, inclusão e, dessa forma, ajudar a organização a alcançar seus objetivos e participar da construção de uma sociedade mais justa”, conclui.