A comunicação evolui e muda todos os dias. Após o advento da internet e com a evolução dos meios digitais, profissionais da área e, por consequência, de outros campos do conhecimento precisaram se adaptar a uma realidade conhecida como “data-driven”.
O que é ser Data-Driven?
Do Inglês, a tradução literal para a expressão seria algo como “guiado por dados”. Trata do processo de tomada de decisões considerando os dados como elementos fundamentais para o próximo passo.
“A comunicação guiada por dados com certeza já é uma realidade. É presente no cotidiano de todos que possuem smartphone ou conta em plataforma de mídia social. Somos bombardeados por informações bem segmentadas e construídas a partir de dados que indicam nossos comportamentos e interesses. Quase tudo que consumimos hoje é feito e indicado sob medida a partir de dados que representam diferentes perfis de interesses” pontua Kalil Blanco, gerente de estratégias digitais do Grupo Trama Reputale.
“Utilizá-los para entender melhor os seus públicos, de forma a identificar e aproveitar oportunidades, fica nítido pelo uso de ferramentas como o social listening“, completa o consultor.
Uso de dados, humanização e ética: o equilíbrio dos pratos
Como o uso de dados e da tecnologia podem beneficiar a área da comunicação, sem que se perca a humanização? Essa foi a pergunta que fiz à Karine Pereira, head de marketing da Thoughtworks, cliente do núcleo de Relações Públicas do Grupo Trama Reputale.
A executiva comentou o quanto é importante equilibrar os pratos dessa balança, olhando não só para os dados e o ferramental tecnológico disponível mas, e principalmente, para os seres humanos e toda a jornada de experiências dessas pessoas com as marcas e empresas.
“Sistemas que trabalham em colaboração com habilidades e conhecimentos humanos resultam em processos mais eficientes. Os melhores resultados não são impulsionados pela tecnologia em si, mas sim impulsionados por pessoas capacitadas pelo uso da inteligência artificial. Além disso, existe uma discussão urgente sobre a ética no uso da inteligência artificial. Neste contexto, considerando ética e pessoas, não perderemos a humanização”, opina Karina.
Apesar de existirem temores a respeito do uso de Inteligência Artificial, a tecnologia é importante recurso para múltiplas áreas e mercados, também para comunicação corporativa e publicidade.
“Ao ensinar e nutrir um algoritmo com dados que demonstrem como filtrar o que é ou não relevante, é possível poupar muito tempo na curadoria de conteúdo e definição de práticas e formatos. Não creio que a humanização se perca neste processo, já que a mesma é derivada da presença humana e das histórias que contamos. Aplicações de inteligência artificial apenas tornam o processo de identificar, construir e distribuir essas histórias mais eficazes e ágeis, permitindo que foquemos no que realmente importa: a mensagem a ser passada e as pessoas por trás dela”, complementa Kalil.
Foco nos dados que geram valor
Objetivo e foco são os segredos quando o assunto é aplicação de dados. Como há grande volume dos mesmos, focar naqueles que geram valor às pessoas é chave para efetividade em qualquer área.
São os objetivos que auxiliarão no processo de interpretação. Também, o cruzamento de informações com experiências e narrativas, pode gerar insights valiosos.
“Onde eu quero chegar? Onde eu preciso colocar mais esforço e dedicação? É ali onde temos que coletar dados e aplicar a tecnologia para nos ajudar”, pontua Karine.
Hoje, mesmo com uma hiper segmentação no mercado de dados, a crise de excesso informacional não está próxima de ser resolvida. Porém, a aplicação de dados que, efetivamente, geram valor às pessoas no planejamento da comunicação e conteúdo tem possibilidades promissoras.
Bônus! Indicações para saber mais sobre o tema
Separei dois conteúdos bem bacanas para você saber mais. Um deles é produção do Grupo Trama Reputale e, o outro, uma indicação de leitura. Aproveite!
Websérie LGPD na Comunicação
A implementação da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) é aliada para a construção de uma Comunicação Data-Driven, pois porque permite que as pessoas controlem como, onde e quando seus dados serão utilizados. Não é mais uma relação top-down!
Para se aprofundar nessa questão, gravamos uma websérie sobre o tema, disponível no canal do Grupo Trama Reputale no Youtube. Em quatro episódios, conversamos com a advogada Deborah Perrotti, do escritório MGA Advogados, e com o Kalil Blanco, que também participou deste artigo, sobre a transparência no uso dos dados, sobre como garantir a adequação à LGPD e de que forma a legislação altera o modo de fazer (e pensar) as estratégias de marketing e comunicação. Está imperdível e você confere aqui.
Livro – “Weapons of Math Destruction”
Cathy O’neil, ex-programadora e cientista de dados de Wall Street, trata de algumas das consequências mais severas de algoritmos mal planejados para a sociedade em seu livro “Weapons of Math Destruction”. Confira detalhes sobre a publicação aqui.