Quem não se lembra do dia 11 de março de 2020, né? A pandemia da Covid-19 gerou uma crise global, com impactos sem precedentes na história. Tem gente que lembra até de onde estava e o que estava fazendo naquele exato momento. Você é uma dessas pessoas?

Quem trabalha com Comunicação Interna certamente se lembra da virada de chave disruptiva que a área precisou fazer para manter a aproximação entre as equipes e as organizações em um cenário onde o afastamento social foi obrigatório para todos.

Agora que se passaram mais de dois anos desde o início da pandemia e que estamos vivendo uma fase de transição, é hora de fazer um balanço entre erros e acertos e pensar sobre como será daqui em diante.

Pandemia

Comunicação Interna mais estratégica

De acordo com a pesquisa da Aberje – Desafios da Covid-19 para a Comunicação Organizacional, respondida por comunicadores de 86 organizações brasileiras, de diferentes portes e segmentos, as maiores preocupações eram:

  • 55% – manter os colaboradores engajados e produtivos durante a crise;
  • 45% – proteção da saúde financeira da organização;
  • 45% – flexibilização e adaptação para as estratégias extremamente ágeis, sobretudo à comunicação por meios digitais e à gestão das equipes de maneira remota.

E as principais ações tomadas pelas áreas de comunicação foram:

  • 69% das empresas adaptaram e/ou criaram novos canais para comunicação;
  • 40% desenvolveram campanhas para a orientação e engajamento;
  • 36% elaboraram notas oficiais e comunicados em relação à crise;
  • 24% focaram na criação de veículos, boletins, cartilhas, newsletter e vídeos específicos sobre a covid-19, desenvolvendo guias, tutoriais e informativos;
  • 47% das empresas ampliaram a utilização dos recursos digitais e audiovisuais.

Entre os ganhos para a área de comunicação, a pesquisa apontou:

  • melhoria nos processos de comunicação;
  • redução de gastos no espaço físico;
  • melhor preparo em gestão de crises e agilidade na solução de problemas.

O trabalho dos profissionais da área de comunicação foi considerado pelas organizações participantes da pesquisa como ótimo (63%) e bom (34%).

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Emiliana Pomarico Ribeiro, Gerente Executiva da Escola Aberje de Comunicação

“Analisando os dados da pesquisa, é possível concluir que as novas formas de comunicar e o rápido aprimoramento dos processos, tornou a área de comunicação, sobretudo a de CI, mais reconhecida e valorizada como estratégica”, comenta Emiliana.

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Enfrentando desafios técnicos e humanos

Algumas dificuldades foram relatadas na pesquisa, como a aprovação e compra rápida de equipamentos para o home office (computadores, notebooks, monitores, fones etc.), além da cessão de cadeiras e materiais de escritório necessários à ergonomia e/ou adequação das residências durante o HO.

Houve também dificuldade para a obtenção de ajudas de custo para despesas de consumo, como: internet, energia elétrica etc. E dificuldades na comunicação em relação à conexão e instabilidade de internet e telefonia móvel.

Para além das questões técnicas, a pesquisa revelou que:

  • 24% dos entrevistados demonstraram um aumento expressivo do volume de trabalho, em especial pelo excesso de reuniões e adaptações do planejamento para os novos canais e processos;
  • 36% também disseram ter tido dificuldade em estabelecer o adequado equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal.
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O tema da Saúde Mental

A saúde mental tornou-se recorrente nas organizações.

“as novas relações de trabalho se baseiam na hiperconectividade, no encurtamento dos prazos, no estado de emergência para soluções, na inadmissão dos erros, endossando um estado permanente de urgência que faz com que os indivíduos se sintam pressionados por superiores, por pares e até por si mesmos. Nesse cenário, estamos mais sujeitos a ter sua saúde mental afetada”, ressalta Emiliana.

Daí também a importância da comunicação interna em focar em programas e ações realmente relevantes, para não produzir apenas mais informações em um mundo já de excessos, além da compreensão de ações de humanização e bem-estar dos colaboradores.

“Dessa forma, a pesquisa revelou que, em decorrência da adoção de uma gestão e de uma comunicação mais humanizada pelas organizações, percebeu-se um aumento no engajamento e na produtividade dos trabalhadores”, diz a executiva.

Saúde Mental x Trabalho: Pontos de Atenção para o futuro

Uma outra pesquisa realizada pela Aberje, dessa vez em 2021, envolvendo 454 comunicadores, registrou mais de 1/3 dos participantes com sintomas de esgotamento profissional e de estresse.

Olhar para esse cenário nos ajuda a (re)pensar o futuro das ações aí na sua empresa. Como podemos trazer esses dados para o planejamento de Comunicação Corporativa da companhia e, mais do que humanizar, diagnosticar e corrigir as rotas?

  • 76% dos entrevistados apresentaram mais de um sintoma simultaneamente, o que pode sugerir a formação de quadros de Síndrome de Burnout;
  • 37% declararam que o sintoma mais apresentado foi o de frustração, decorrente do trabalho árduo e por longos períodos durante o dia, não propiciando tempo suficiente para a vida pessoal;
  • 55% deles afirmaram que o trabalho atual causa quantidades significativas de estresse;
  • 30% dos participantes sentem-se tensos e estressados, tornando-se apáticos ou hipercríticos com colegas de trabalho, amigos e familiares, ficando facilmente irritados, aborrecidos ou desapontados com as pessoas ao seu redor.
Home-Office

Bônus 😉 A experiência de quem faz acontecer 100% à distância

Tudo indica que a modalidade home office será mantida pelas empresas. E, para entender como se dá o trabalho 100% à distância, nada melhor do que conversar com quem vive na pele!

Por isso, conversamos com o gerente de Planejamento do Grupo Trama Reputale, Bruno Gerlin que, desde julho de 2022, trabalha totalmente à distância, em uma condição que talvez não fosse possível antes da pandemia.

Conte sobre sua experiência à frente da gestão da Comunicação Interna dos clientes do grupo logo no início da pandemia?

Muitos gestores tiveram que correr contra o tempo. Mas algumas ações eu destaco como as prioritárias: 1) Revisão do Processo de Onboarding para assegurar que a cultura fosse percebida, compreendida e assimilada; 2) Treinamentos das lideranças para que tivessem eficiência na gestão de equipes à distância; 3) Revitalização dos Canais de CI para sabermos a melhor maneira de nos comunicar neste novo modelo.

Que ganhos surgiram com a adoção dos novos formatos de comunicação com os funcionários?

O maior ganho foi perceber o quanto ainda podemos aprender sobre comunicação, explorar novos formatos, plataformas e a capacidade dos colaboradores de se adaptarem aos novos modelos e formas de se comunicar.

Quais foram as lições aprendidas?

De que é possível termos outros modelos de trabalho sem prejudicar as metas e a possibilidade de expandir a área geográfica de contratação de pessoal e trazer mais diversidade cultural para dentro das empresas.

O que está sendo mantido pelas empresas em 2022?

Alguns programas de qualidade de vida e bem-estar que foram desenvolvidos para o período de pandemia foram mantidos, o que reforça a preocupação dos gestores de RH com este pilar sabendo do impacto que este tema tem na produtividade.

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Bruno Gerlin, Gerente de Planejamento do Grupo Trama Reputale.

A modalidade home office está sendo mantida pelas empresas? Quais são os ganhos e quais são os prejuízos?

Muitas empresas estabeleceram oficialmente o modelo híbrido ou teletrabalho. Ganha-se em mais diversidade cultural na contratação e flexibilização da jornada de trabalho. Perde-se o importante contato pessoal, o dia a dia para troca e o acompanhamento e compartilhamento do desenvolvimento da cultura no cotidiano. 

Como tem sido a experiência de trabalhar em outro país na modalidade 100% remota? Quais têm sido as dores e as delícias desse formato para você?

Tem sido um desafio diário e um exercício importante de autodesenvolvimento. Sinto falta do contato com as pessoas, de estar perto, de olhar no olho. Mas ao mesmo tempo consigo ter mais qualidade de vida, ter acesso a outra cultura e traduzir isto na condução do trabalho com meu time e clientes; a gente expande a mente.

Qual o principal sentimento hoje como profissional que trabalha de forma remota, em outro país?

É engraçado! Mesmo distante eu ainda tenho dentro de mim o senso de pertencimento e integração às equipes com as quais me relaciono.

O que você tem feito visando manter ou mesmo ampliar a integração com os colegas do grupo Trama Reputale?

Eu tenho tentado me manter próximo das pessoas. Puxo papos privados para conversarmos não só sobre o trabalho, mas falarmos da vida como um todo.  Assim vamos descobrindo pontos de sinergia, criando intimidade e proximidade e dando mais leveza à rotina diária, além de construir um espaço seguro para troca.