Idealizada em 1960 pelo psicólogo norte americano Marshall Rosenberg, a Comunicação Não Violenta (CNV) teve como ponto de partida pesquisas e experiências realizadas com o objetivo de combater o preconceito racial em escolas. A escolha do nome foi inspirada nos trabalhos de resistência não-violenta de Gandhi e Martin Luther King.
Hoje, a CNV é uma prática voltada para a forma com que os seres humanos se relacionam, especificamente com relação aos conflitos e desafios que se manifestam por dificuldades comunicacionais. Marshall identificou o julgar, rotular, criticar e diagnosticar como sendo os comportamentos que impedem relações saudáveis, e apesar de todos eles se originarem das nossas subjetividades, se manifestam na forma como nos comunicamos e expressamos nossas ideias, opiniões e anseios.
Dessa maneira emerge a importância da Escuta Ativa. Marshall reitera que, para verbalizar o que se pensa de forma não violenta com seu interlocutor, escutar é o primeiro passo. Entender histórias, dores e dificuldades que fogem da sua realidade é essencial para se ter maior empatia nas atitudes e comunicação com o outro.
Importância da temática para as organizações
“A comunicação deve ser aliada dentro das organizações que hoje, mais do que nunca, precisam estar atentas no relacionamento com o público interno”, explica Leila Gasparindo, CEO do Grupo Trama Reputale
“Na área empresarial a CNV promove um ambiente mais acolhedor e aberto ao diálogo, favorecendo que todos – colaboradores e lideranças – sintam segurança psicológica para debates construtivos, com caminhos mais fluídos para o consenso”.
Espaços onde o colaborador (de qualquer nível hierárquico) se sente seguro para se expressar, e acima de tudo, para ser ouvido, geram maior engajamento, comprometimento com os valores e objetivos de mercado da organização. Naturalmente esse fluxo deve começar a partir das lideranças, que são exemplos e referências.
a Tauanne Paduim, gerente de Recursos Humanos da Solenis, comprova esse fato, uma vez que a própria liderança da empresa elegeu a comunicação como principal competência a ser trabalhada na área de desenvolvimento: “A comunicação respeitosa, fluída e clara, constrói e progride. O contrário disso gera caos e perda de dinheiro e energia.”, aponta Tauanne.
Leila considera que para implementar de fato essa cultura, é necessário olhar para quatro facetas da CNV: Consciência, Linguagem, Comunicação e Influência. A partir disso, implementá-la deve estar dentro de um plano holístico de sensibilização, treinamentos e programa de comunicação que a apoie, com campanhas de reforço. Dessa maneira, com reforços constantes, ela integraria o “jeito de ser” da empresa.
Complementarmente, Tauanne, descreve três passos, do ponto de vista da gestão de pessoas, que ela considera essenciais nesse processo: “Ouvir e expressar o que sente sem julgamentos, expor sempre suas perspectivas (como se sente, como percebe, o que importa) e não pressupor a intenção do outro são comportamentos que ajudam muito no dia a dia”.
A Comunicação Não Violenta e a Escuta Ativa devem extrapolar os limites organizacionais
É necessário que a CNV se consolide mais nas empresas, pois muitas delas não cuidam da qualidade da comunicação e das relações que estabelecem. Apesar de grande parte oferecer palestras, implementar de fato uma cultura de CNV é um trabalho complexo, pois é necessário que a alta e média liderança abram espaços para diálogo e colaboração, e para isso precisam reconhecer a importância.
Qualquer ambiente está sujeito a sofrer com os impactos negativos da violência verbal e da falta de empatia, princípios contrários à Comunicação Não Violenta e a Escuta Ativa. Por isso, são práticas que devem ser adotadas em todos os nossos relacionamentos intrapessoais.
A exemplo disso temos o Programa Rodas de Empatia, iniciativa conduzida dentro da Solenis pelo Grupo Trama Reputale. O seu objetivo é tratar de temas de saúde mental e que permeiam o dia a dia dos colaboradores para que todos tenham a oportunidade de refletir como têm agido em seu trabalho, na sua casa, com seus amigos e familiares de forma geral. Nessa iniciativa existe um trabalhar intenso de escuta, diálogo e comunicação.
Por fim, apesar de ser uma tarefa complexa, pois toca na subjetividade de cada indivíduo, entendemos que trabalhar a CNV é possível (e urgente). Seus benefícios se estendem para todos os âmbitos e podem realmente fazer a diferença no bem-estar e qualidade de vida de todos os envolvidos nos processos de uma organização.