Falar com quem está na linha de frente sempre foi um desafio. Essas equipes têm rotinas puxadas, trabalham longe do computador e nem sempre têm tempo ou acesso fácil aos canais digitais. Mesmo assim, são essenciais para a qualidade, produtividade e segurança das empresas.

A Pesquisa de Tendências da Comunicação Interna 2025, feita pela Ação Integrada e Aberje, mostra que alcançar o público operacional é o terceiro maior desafio das empresas brasileiras — citado por 42% delas. Nas grandes empresas, com mais de 5 mil funcionários, esse número chega a 57%.

O curioso? Ao mesmo tempo que querem se aproximar desse público, muitas empresas estão reduzindo ou desvalorizando canais internos pensados justamente para ele, como rádios internas, murais físicos e até aplicativos corporativos.

Então, como a Comunicação Interna pode enfrentar esse dilema e se comunicar de forma mais eficaz?

1) Líder direto é o canal mais poderoso

Na prática, o líder imediato sempre foi o melhor canal para chegar ao time operacional. Ele é próximo, confiável e está no dia a dia da equipe. Mas a pesquisa mostra que apenas 17% das empresas reconhecem o líder como seu principal canal — e 59% dizem que os engajar nesse papel é um grande desafio.

A solução? Investir em treinamentos simples e práticos, focados em comunicação clara, empatia e escuta ativa. O líder não precisa virar comunicador profissional — ele só precisa entender a importância do seu papel nesse processo.

 

2) Canais tradicionais ainda funcionam — e muito

Murais impressos, murais digitais e TVs corporativas ainda são ferramentas valiosas. Segundo o estudo, 35% das empresas usam murais físicos com bom alcance, e 71% consideram as TVs internas o canal mais eficaz para o público operacional.

A dica é caprichar no conteúdo: pouco texto, letras grandes e imagens chamativas. Coloque os murais em pontos estratégicos, como refeitórios, vestiários ou entradas de turno. Atualize com frequência e mantenha o foco no que realmente importa para o dia a dia da equipe.

3) Encontros rápidos funcionam melhor que e-mails

Reuniões curtas antes do turno, durante o café ou no início da jornada continuam sendo uma forma tradicional e eficaz de engajar. E isso não mudou com o tempo: 93% das empresas pretendem manter ou aumentar essas reuniões presenciais com as equipes.

Dica prática: 15 minutos, no máximo. Use esses encontros para reforçar mensagens de segurança, apresentar metas, reconhecer bons resultados e ouvir o time. O ideal é que esses rituais sejam frequentes e previsíveis.

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4) Comunicação simples e transparente

Com o time operacional, menos é mais. Evite termos técnicos ou jargões corporativos. Fale de forma direta e use exemplos práticos. O ideal é que qualquer mensagem possa ser lida e compreendida em menos de um minuto.

A pesquisa mostra que 44% das empresas pretendem investir mais em clareza e simplicidade nas mensagens. Isso mostra um caminho importante: quanto mais fácil for entender a comunicação, maior será o engajamento.

5) Use o digital com inteligência

Mesmo longe do computador, boa parte dos colaboradores operacionais tem acesso a celular pessoal. Apps como o WhatsApp podem ser aliados, desde que usados com critério.

Nada de spam ou mensagens fora de hora. Use esse canal para avisos rápidos, lembretes importantes e conteúdos curtos, como vídeos de até 1 minuto. E sempre com regras claras, para não virar bagunça.

6) Segmentar é essencial

Equipes operacionais precisam de mensagens diferentes das áreas administrativas ou comerciais. Ainda assim, 43% das empresas só segmentam “às vezes”, segundo o estudo.

A comunicação fica mais eficiente quando é personalizada. Se o conteúdo fala diretamente com a realidade do colaborador — como segurança, produtividade e reconhecimento — ele presta mais atenção.

7) Valorize a cultura e o legado da empresa

Resgatar a história da empresa e os valores que ela carrega pode ser uma forma poderosa de engajar. Mostrar como os colaboradores operacionais ajudaram a construir esse legado reforça o senso de pertencimento.

Conte histórias reais, de pessoas comuns, que fizeram, ou ainda fazem, a diferença. Isso gera orgulho e fortalece o vínculo com a empresa.

8) Crie rituais e ouça o retorno

Criar rotinas de comunicação ajuda a consolidar o hábito. Reuniões de turno, painéis de segurança, quadro de “colaborador do mês” — tudo isso ajuda a manter a mensagem viva.

E não se esqueça de ouvir: uma caixa de sugestões, enquete rápida ou conversa informal pode trazer bons insights sobre o que está funcionando ou não.

Falar com o time operacional não exige fórmulas mirabolantes. Exige respeito, clareza e consistência. O erro é achar que só o digital resolve — e acabar eliminando os poucos canais que realmente funcionam com esse público.

A comunicação interna eficiente é aquela que se adapta sem esquecer das raízes. Valorize os meios tradicionais, fortaleça os líderes, simplifique as mensagens e escute quem está na linha de frente. É assim que se constrói uma comunicação sólida e humana.

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