Em 2018, a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) publicou o estudo “Fake News: Desafios nas Organizações”. Os dados mostravam que a maioria das empresas estava preocupada com o impacto da desinformação nos seus negócios e consideravam este um tema estratégico.
O estudo revelou que os maiores riscos percebidos pelas organizações se relacionavam a danos à reputação e à imagem corporativa, bem como perdas financeiras e de credibilidade. E não era à toa: segundo uma pesquisa da Universidade de Baltimore, as fake news custam cerca de US$78 bilhões todos os anos.
Daquele ano para cá, a digitalização de inúmeros processos se acelerou, ainda mais depois da pandemia de Covid-19. Sendo assim, podemos imaginar o potencial destrutivo da desinformação no relacionamento entre as empresas e seus diversos stakeholders. Mas como a Comunicação Interna pode ajudar a mitigar esses efeitos?
Fake news e Marca Empregadora
Em primeiro lugar, precisamos lembrar que colaboradores e colaboradoras são um dos públicos mais importantes de qualquer organização. E não é só porque são essas pessoas que possibilitam o desenvolvimento do negócio. Elas, igualmente, podem se tornar embaixadoras ou detratoras da marca.
Embora seja mais comum pensarmos nas fake news como um fenômeno externo à empresa, elas também ocorrem nos “bastidores”. Quer dizer, conversas de corredor, mudanças mal explicadas e a famosa “rádio peão” podem ser fontes de desinformação e manchar a reputação da organização, causando ruídos que reverberam para além dos muros.
“Não se trata de controlar o modo como as pessoas interagem ou o que elas dizem. Mas precisamos desenvolver uma Comunicação Interna que seja transparente, dê poder de voz às pessoas e saiba se posicionar coerentemente para colocar todo mundo na mesma página”, afirma Michel Baptista, coordenador de Conteúdo do Grupo Trama Reputale.
Na opinião dele, uma série de iniciativas podem contribuir neste sentido: reuniões periódicas com as lideranças, a capacitação de líderes para que se comuniquem bem e um uso estratégico dos canais internos são alguns exemplos.
“Outra ação que faz a diferença é formar redes de multiplicadores internos. Esses grupos ampliam a capilaridade dos departamentos de Comunicação Interna, pois conseguem levar mensagens-chaves e esclarecer ruídos que podem passar despercebidos no dia a dia da área”, complementa.
Confiança e engajamento
Além de proteger a marca empregadora, a Comunicação Interna pode apoiar na conscientização de assuntos polêmicos ou que ainda sejam tabus. Podemos voltar à pandemia de Covid-19 para ilustrar a situação.
Quando as vacinas chegaram, os índices de publicações contra os imunizantes tiveram um salto alarmante, segundo reportagem do G1. Em cenários como esse, uma campanha de comunicação que incentive o público interno a se vacinar cumpre uma dupla função: auxilia a saúde pública e mostra que a imunização é segura.
Num outro caso, ações de Diversidade, Equidade & Inclusão são capazes de desmistificar a percepção que as pessoas podem ter sobre grupos socialmente minorizados. E, consequentemente, quebrar vieses inconscientes e preconceitos.
“Tudo isso demonstra o papel estratégico da Comunicação Interna em engajar, fomentar o senso de pertencimento e fortalecer valores socioculturais importantes. Sem contar, é claro, em como ela passa a ser valorizada pelos colaboradores como fonte segura de informação”, finaliza Michel.