A andragogia, segundo o educador norte-americano Malcolm Knowles, consiste na arte ou ciência de orientar adultos a aprender. Tem a finalidade de buscar uma aprendizagem efetiva para o desenvolvimento de habilidades e conhecimento.

Mas o que isso tem a ver com a Comunicação Interna? TUDO.

O processo de criação de conteúdo, informativos, e-mail, ações, campanhas, peças publicitárias, anúncios e posts sempre são pensados para alguém, um adulto em sua maior parte, e para isso é necessário compreender os gostos e necessidades dele. Então, estamos falamos de aprendizado, consequentemente da andragogia, que vai ajudar a construir uma comunicação eficiente e efetiva.

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O colaborador no centro da estratégia de CI

À medida em que uma pessoa amadurece, ela passa a compartilhar e interagir com diversos tipos de informações, se tornando autogerenciável. Adultos são receptores e emissores no processo de comunicar. Sua comunicação é embasada em trocas de aprendizados, experiências e vivências de sua trajetória social e profissional.

Esse autogerenciamento permite ao adulto escolher o que é melhor para si, então as ações de Comunicação Interna devem ser pensadas de forma a ceder e/ou adaptar-se. Mas como? Colocando o colaborador como parte das ações, protagonista do processo de informar, beneficiando a si mesmo e ao negócio.

Um bom exemplo são os comitês de multiplicadores em comunicação interna, ou as redes de influenciadores, que dão vez e voz aos funcionários, despertando o pluralismo de sentidos e interpretações, gerando interesse genuíno nos demais quando à entrega de valor que está sendo feita, o chamado EVP.

Essa participação ativa dos colaboradores na Comunicação Interna gera maior engajamento e aumenta também a adesão às políticas, condutas e processos de negócios vigentes, pois, eles se sentem verdadeiramente parte do processo de construção das narrativas institucionais. Ou seja, o conteúdo passa a fazer sentido para todos à medida que são cocriados e consensualizados pelo coletivo, tornando-se útil ao dia a dia e atrelado ao desenvolvimento de carreira e softs skills.

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Criação de Personas

Hoje a criação de personas não é algo exclusivo do marketing digital. Ela deve ser adotada por diversas áreas, pois são essenciais para o processo de absorção da informação e tomada de decisões, já que auxiliam no entendimento de quem são e como se comportam os stakeholders. E a andragogia contribui na criação desses perfis. Você sabia disso?

No livro “The modern practice of adult education”, Malcolm Knowles apresenta o modelo andragógico, formado por cinco pilares: autonomia, experiência, prontidão para a aprendizagem, aplicação da aprendizagem e motivação para aprender.

Você pode utiliza-los na construção de uma persona, ainda que para fins de endomarketing ou employee experience. Veja:

  • Autonomia: está inserida quando você considera o que é preciso para cada persona tomar suas próprias decisões. Assim, você dá autonomia para ela guiar suas escolhas.
  • Experiência: vem quando no processo de criação do perfil são traçados os gostos e o histórico de vida para servir como suporte para ações futuras de comunicação.
  • Prontidão para a aprendizagem: quando ao criar a persona, você trabalha com o interesse em relação à mensagem/comunicação/ação que ser quer passar ou executar, o que estimula o interesse em querer saber mais.
  • Aplicação da aprendizagem: ao pensar no perfil, são traçados desafios para serem superados e a forma como a persona irá tomar sua decisão e ação em relação ao que é exposto no ato de informar.
  • Motivação para aprender: quando a persona é criada, busca-se entender os valores e desejos que irão levá-la a realizar algo, o querer fazer, as crenças. Trabalhando sob esse prisma, certamente entenderemos melhor como essa persona se automotiva e valida suas decisões.

Segmentação e Protagonismo na Comunicação Interna

Como o aprendizado dos adultos é fluído e de mão dupla, emissor e receptor, as equipes de comunicação interna devem sempre buscar soluções e recursos que atraiam a atenção e que despertem a vontade de experimentar, ou então, que façam a diferença no dia a dia.

Não adianta focar todas as informações em um único meio de comunicação, pois ela não será efetiva a todos os públicos internos.

Na hora de escolher o melhor canal para ser usado, é necessário parar, analisar, refletir, pesquisar e diagnosticar qual será o melhor meio para construir a informação e o que refletirá a credibilidade do conteúdo gerado, ou seja, seu lastro, de forma que o funcionário seja sempre o protagonista.

Bons exemplos desse processo de estrelato do colaborador são: fóruns, chats, simulações, cases, estudos dirigidos, discussões em grupo, games com tomada de decisão etc.

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Adriano Zanni, diretor de engajamento e comunicação com empregados do Grupo Trama Reputale.

“Lembre-se, as personas podem e devem ser usadas para ajudar a traçar qual melhor ou os melhores canais a serem usados para ajudar no protagonismo do colaborador e informar de forma efetiva. Usá-las estrategicamente passa também por empoderar as pessoas com responsabilidade. É uma autonomia que precisa ser crível para o colaborador e que lhe transmita segurança quanto aos limites da comunicação em que ele pode transitar”, diz Adriano Zanni, diretor de Engajamento e Comunicação com Empregados do Grupo Trama Reputale.

O consultor lembra que os principais objetivos da comunicação interna sob o ponto de vista da andragogia devem ser: educar, difundir (integrar), gerar transparência e engajar (inspirar).

“Só caminha por essa jornada que acredita no ambiente organizacional. E a atitude da liderança é importantíssima para dar essa percepção aos demais. O comportamental também comunica muito, sobretudo por parte da média gestão”, complementa Zanni.

Vale pontuar que a andragogia é algo recente. Os estudos efetivos sobre o tema foram iniciados no século XX. Mas não se assuste, pois uma nova forma de aprender já surge com os avanços tecnológicos, as diversas plataformas de e-learning e a comunicação cada vez mais integrada.

Sem dúvida, uma forma de aprendizado que nos permite escolher o que queremos consumir, sendo a pessoa a única responsável pelo seu aprendizado. Cabe ao meio (organização) apenas saber instruir. Pense nisso, pois certamente isso já acontece no seu dia a dia. Comunicar é um ato aprender.