Não há como falar de comunicação digital sem fazer uma breve avaliação de 2021 e como a pandemia transformou as práticas da área e os negócios.

Mais conectados, acompanhamos ainda mais de perto os desdobramentos das variantes da Covid-19, a preocupação com a economia, os empregos e com toda a agenda ESG, que hoje está entre as prioridades dos gestores de comunicação corporativa e reputação. Em meio a toda a incerteza, o excesso de informações e a perda de pessoas queridas nos tornou mais ansiosos.

Com a busca global pela retomada da normalidade, o sentimento de que passamos por “transformações em excesso” se estenderá durante o ano de 2022, acrescido de mais alguns pontos que destacamos neste artigo.

O digital como deve ser

De acordo com Helen Garcia, diretora de Estratégias Digitais do Grupo Trama Reputale, de modo geral, é importante observar quatro fenômenos:

Hibridismo como regra

Não há mais espaço para eventos, ações e relacionamentos apenas no ambiente físico ou no ambiente digital. É preciso pensar na integração de ambos, garantindo a melhor experiência;

Experiência como base para a relevância

Mais que seguir tendências ou mostrar que uma marca é “conectada e atualizada”, deve-se considerar a experiência proporcionada aos públicos estratégicos. Como eles deverão reagir ao conteúdo, ação ou canal? O que a marca gostaria de proporcionar a esses públicos em seus relacionamentos? Conveniência, valor e segurança são as palavras de ordem ao planejar.

Segurança e privacidade como responsabilidade compartilhada entre organizações e públicos

A Lei Geral de Proteção de Dados brasileira e a GDPR (General Data Protection Regulation) europeia deram voz a um antigo anseio da opinião pública: melhor segurança e responsabilidade no tratamento de suas informações pessoais. Com as regulações, o tema se tornou o principal foco de CMO’s em todo o mundo.

Segundo pesquisa realizada pela Deloitte, 58% desses profissionais afirmam que esse deve ser o principal fator de influência na reputação de suas empresas, o que tem influência direta em como as organizações se posicionam nas redes, do conteúdo que publicam à maneira como coletam e tratam informações de seus públicos.

Da mesma maneira, usuários devem rever seus hábitos online e a maneira como disponibilizam suas informações em diferentes plataformas e dispositivos.

Minimalismo digital

O tempo de estar presente em todas as redes e plataformas já passou. Agora, com uma opinião pública cada vez mais crítica sobre o papel e impacto das mídias sociais e da internet na sociedade, bem como suas consequências de médio e longo prazos, as organizações precisam repensar sua presença digital, considerando objetivos, perfil de audiência e oportunidades apresentadas por cada canal adotado. Ter poucos e bons canais, com conteúdo de excelência, deve ser a principal orientação ao planejar a presença na internet.

“O mindset digital continua em fase de consolidação em muitas empresas. Isso exige pensarmos novas formas de ser e fazer, que devem considerar as possibilidades de atuação nas plataformas já utilizadas e a expansão para outros espaços, sempre tendo a experiência humana como foco e base de qualquer plano”, afirma a executiva.

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Helen Garcia, diretora de Estratégias Digitais do Grupo Trama Reputale.

Assim, a recomendação é ter respostas estratégicas para as seguintes questões: Onde vale a pena estarmos no ambiente digital? Como podemos entregar a melhor experiência possível às nossas audiências? De que maneira conseguimos nos destacar em meio a tanto conteúdo?

“na era da infodemia, é fundamental investir naquilo que realmente faz sentido para o seu negócio e reforçar a presença em espaços que o impulsionem, conquistando relevância e autoridade em temas que importam e engajamento de audiências que impactam em seus resultados e reputação”, completa Kalil Blanco, gerente de Estratégias Digitais do Grupo Trama Reputale.

Tudo começa e termina com dados

Não dá mais para fugir de uma comunicação orientada por dados. Do ponto de vista de diversos stakeholders, desde consumidores a pessoas que se candidatam a uma vaga de emprego: tudo é influenciado por posicionamentos, comentários de outros usuários e algoritmos.

Entender o comportamento e as expectativas dos públicos de interesse passa por aí e um dos grandes exemplos disso é o peso que as avaliações têm na decisão de adesão a uma marca. As pessoas buscam por recomendações de quem, de alguma forma, se parece com elas.

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Kalil Blanco, gerente de estratégia digital do Grupo Trama Reputale.

“De uma perspectiva integrada, uma boa leitura dos dados ajuda a tirar insights para outras áreas da comunicação, como as Relações Públicas e o Marketing. Assim, tanto a criatividade quanto a interpretação de números devem ser parte do repertório dos profissionais”, destacou Kalil.

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Uma gestão de dados inteligente e um posicionamento estrategicamente articulado serão os motores para fortalecer marca empregadora, consolidar a reputação da marca e fidelizar os públicos.

Resiliência digital e regulações

Em meio a tantas oportunidades, a susceptibilidade a crises também tem crescido exponencialmente.

“Diante disso, será necessário ter resiliência digital. Ou seja, contar com planos de ação bem definidos para responder prontamente a qualquer problema, como os vazamentos de dados”, explicou Helen.

Outro ponto que merece destaque é que o impacto da LGPD tende a ser muito maior daqui para frente, e isso demanda campanhas de sensibilização para que todos estejam a par da responsabilidade pelos dados em uso.

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No que diz respeito à coleta, é esperado que a LGPD leve à diminuição no uso de cookies e de outros recursos de registro e coleta de hábitos de uso e consumo na internet e outros dispositivos.

“Há, nisso, uma oportunidade imensa para estreitarmos laços com os públicos de interesse e criar universos de análise muito mais próprios e personalizados”, comentou Helen.

Conteúdo versus algoritmos

Como já destacamos, um dos grandes desafios será produzir conteúdo que faça sentido para as pessoas.

Segundo Kalil, isso vai da adoção de práticas de social listening e SEO (Search Engine Optimization), para entender de quais discussões participar e como responder aos anseios dos públicos, até tornar websites mais responsivos e, principalmente, inclusivos e acessíveis.

“O alcance é importante, mas só teremos relevância se criarmos impactos significativos e experiências imersivas que façam a diferença para os públicos. É isso que nos dará destaque diante dos algoritmos”, completou Blanco.

Não importa o ponto na escala da maturidade digital no qual uma organização se encontra, observar “as novas regras” do ambiente digital e como elas devem transformar ainda mais a maneira de fazer negócios e se relacionar com audiências relevantes, é imprescindível.

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Aqueles que se adequarem ao novo ambiente, atuando com transparência e segurança e priorizando qualidade ao invés da quantidade, terão, certamente, melhores oportunidades e resultados em um mundo cada vez mais híbrido.