Os valores de uma empresa são a demonstração prática de suas crenças, ajudam a nortear a cultura organizacional e os processos internos, auxiliam no posicionamento perante o mercado e na atração de novos talentos alinhados a eles, contribuindo para o crescimento geral da companhia.
Pensar em valores não se trata apenas de unir um conjunto de atitudes, mas também de transmitir verdade e autenticidade para quem vê. Por isso, defini-los e defendê-los é um processo que requer participação de todas as partes. A começar pelas lideranças.
Para garantir o andamento do que foi projetado, líderes precisam transmitir a todo momento que, antes de qualquer coisa, estão alinhados e colocam em prática todos os valores da companhia. Uma das formas de fomentar o engajamento é reconhecer a comunicação como peça-chave nesse processo.
Valores devem ser comunicados
Para Michel Baptista, coordenador de Conteúdo do grupo Trama Reputale, a melhor maneira de evitar ‘derrapadas’ das lideranças dentro de uma empresa, com relação a valores organizacionais, é trabalhá-los bem do ponto de vista interno.
“Quando uma empresa trabalha os seus valores de forma sólida, com campanhas, ações de comunicação interna, fazendo os colaboradores vivenciarem isso, fica mais fácil”, explica.
Michel Baptista, coordenador de conteúdo do Grupo Trama Reputale.
Lideranças são facilitadores de comunicação
Michel também defende a ideia de que os líderes são canais de comunicação dentro das empresas, e é preciso aproveitar esse recurso. No entanto, isso é conquistado através de uma relação de transparência entre organização e lideranças, como ele mesmo ressalta:
“Se as lideranças não comprarem as ideias para valer, não adianta. As coisas não vão funcionar. A tendência é mostrar aos líderes que eles são parte de tudo e vistos como facilitadores de comunicação pelos colaboradores”, explica o coordenador.
A Comunicação é aliada das mudanças
É consenso que os valores de uma empresa não são imutáveis. Ao longo dos anos, é normal que eles sejam revistos, que novas lideranças pensem em outros propósitos e maneiras de se posicionar. Nesses casos, a comunicação segue sendo uma grande aliada.
Embora a ideia seja que valores tenham solidez, os avanços do mundo acabam levando até o caminho das renovações, de um jeito ou de outro. O problema pode estar em transmitir essas mudanças de maneira brusca.
“É preciso pensar em como passar isso aos colaboradores. Fora que revisar valores e a postura de uma companhia em relação ao mercado exige um trabalho de longo prazo, que não pode ser desconsiderado”, completa Michel.
Exemplo às avessas
Um exemplo que ilustra bem o que foi dito sobre mudanças bruscas ocorreu no Twitter. Com a compra da empresa, que agora é gerida de outra forma, alguns colaboradores sediados no Brasil atentaram para o fato da nova gestão ter adotado uma postura totalmente diferente em relação aos próprios valores, quando decidiu comunicar uma série de demissões na companhia.
O desligamento coletivo foi comunicado de forma repentina por e-mail, e profissionais que atuavam na empresa ressaltaram que o Twitter sempre se notabilizou por uma cultura organizacional “única”, onde um dos valores que vinham sendo levados adiante nos últimos anos era a parceria.
“Existem aqueles líderes que são mais sucintos mesmo. Mas entre decisões objetivas e o desapego aos próprios valores dentro de uma companhia, existe um abismo”, diz Michel.
Bons líderes evitam instabilidades
Essa turbulência no corpo da organização do Twitter pode ser atribuída a um processo apressado na mudança de valores e propósitos, algo que já era esperado com a chegada do novo acionista majoritário da companhia. Porém, Kalil Blanco Spiandorim, gerente de Estratégia Digital do grupo Trama Reputale, explica que alterar uma cultura organizacional de um jeito coeso requer tempo e muito trabalho.
“Valores estão profundamente ligados a como as pessoas fazem as coisas, lidam com diferentes situações e se relacionam com colegas e outros públicos no dia a dia. Mudar isso exige um mapeamento estratégico de pontos de convergência e divergência entre a cultura atual e aquela que se deseja construir, para então elaborar ações eficazes de transformação cultural”, pontua.
Kalil Blanco, gerente de estratégias digitais do Grupo Trama Reputale.
Kalil também cita que uma eventual mudança nos valores de uma empresa exige continuidade e empirismo por parte das lideranças, demonstrando como praticá-los no dia a dia. Ele também pontua sobre a importância de mudar de dentro para fora:
“Sem esse cuidado prévio com o público interno, não há por que considerar estratégias de promoção externa das mudanças. Quando o momento de divulgar as transformações chega, nada substitui o storytelling, introduzindo o tema para a opinião pública por meio de lideranças da organização e personagens reais que fazem a empresa ser o que se planejou”, diz.
Saber comunicar é o caminho
Com base nessas informações, podemos solucionar essa equação de forma aparentemente simples, mas muitas vezes difíceis de se colocar em prática sem um trabalho focado e organizado de comunicação: líderes bem engajados nos valores de uma companhia engajam colaboradores que, por sua vez, levarão adiante os ideais projetados para solidificar um trabalho de excelência. É preciso colocar em mente, também, que mudar valores faz parte. Mas tais mudanças só surgirão com base em uma vivência coletiva dos mesmos.
