A síndrome de burnout é um distúrbio psíquico caracterizado pelo estado de tensão emocional e estresse provocados por condições de trabalho desgastantes. Ela está fundamentada em fatores como exaustão física e emocional, assédio moral, distanciamento afetivo, ceticismo, baixa realização pessoal e profissional.
Segundo, Daniel de Campos, diretor executivo de Recursos Humanos, o impacto do burnout ou qualquer outra doença, especialmente aquelas relacionadas à saúde mental, na cultura de uma organização é brutal.
“Se a cultura reforça a entrega de resultados acima de qualquer coisa, o burnout certamente fará parte da rotina. E se considerarmos que uma empresa nada mais é que o somatório de pessoas, podemos dizer que quando pessoas adoecem em razão do trabalho, a empresa adoece igualmente”, aponta.
É importante ressaltar que o burnout nasce no ambiente de trabalho, mas não se limita a ele, afetando também os âmbitos pessoais, afetivos, familiares e sociais da vida das pessoas. Fica evidente que a doença é como um “termômetro” para as instituições, alertando que algo está fora do lugar e que providências devem ser tomadas imediatamente.
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A Comunicação Interna e a prevenção do Burnout
Embora tenha sido classificado há poucos meses pela OMS como uma síndrome, o Burnout não é algo recente.
“Antes mesmo do cenário pandêmico, a gente já vinha muito fortemente debatendo o tema nas empresas, essas questões do estresse, saúde mental e criação de ambientes de segurança psicológica para os colaboradores. Principalmente em empresas que tem como propósito, colocar esses funcionários no centro das suas decisões estratégicas, cultivando políticas de bem-estar, e que possuem os pilares de responsabilidade socioambiental alavancados, incentivando a práticas e atitudes condizentes com os mesmos. Nessas organizações, ou para elas, estamos sempre falando sobre o maior recurso que elas têm em mãos para trabalharem sua valorização de marca: o ser humano. Então, as práticas, os processos precisam ser íntegros, legítimos nesse sentido” afirma Adriano Zanni, Diretor de Comunicação com Empregados e Engajamento do Grupo Trama Reputale.
O papel da liderança em quadros de burnout
Outro papel importante da Comunicação Corporativa é trabalhar fortemente a educação sobre síndromes como o burnout junto às lideranças, por meio de treinamentos e fóruns, diálogos com especialistas, semanas de atividades e benchmarking. Já existem estudos relacionados às competências do líder anti-bornout, que podem ser inseridos na organização.
Os gestores, junto com o RH, deverão manter o radar ligado para detectar um pedido de socorro de seus colaboradores, mesmo que este venha de forma implícita. É preciso muita sintonia e sensibilidade para ajudar quem está se sentindo sobrecarregado no trabalho e corrigir a rota antes que isso leve ao desenvolvimento de doenças psicossociais.
“Promover um ambiente saudável para os seus colaboradores. Parece simples, mas isso envolve inúmeros fatores e requer um bom plano de gestão da saúde mental na empresa. Implementar programas de well-being (bem-estar), como incentivos ao esporte, atividade física, atividades culturais e sociais, meditação, entre outras, são ferramentas poderosas de prevenção do burnout”, afirma Daniel de Campos.
Além disso, é preciso que as lideranças sejam treinadas para não sobrecarregar suas equipes com excesso de trabalho, metas impossíveis de serem alcançadas, evitar o stress e dar condições e infraestrutura para que elas produzam suas atividades com tranquilidade e de forma digna.
“Não podemos nos esquecer que toda insatisfação de funcionário, afastamento por doença ou esgotamento é, na verdade, um grito de socorro. Um indicador que pesamos a mão em algo ou nos equivocamos em determinados processos que geram insegurança psicológica dentro das organizações. Uma boa dica é começar treinando os gestores sobre temas como Comunicação Não-Violenta, vieses inconscientes, rapport, empatia. São tópicos que auxiliam no relacionamento interpessoal com suas equipes e trabalham a percepção das lideranças sobre o outro, com quem elas se relacionam no dia a dia”, atesta Zanni.
Ações preventivas
Uma empresa que tem em sua cultura o bem-estar, o respeito e a valorização de seus colaboradores não deveria apresentar casos de burnout. Afinal, trata-se de uma doença associada a fatores de estresse crônico no ambiente de trabalho.
Se uma empresa trabalha de forma consistente em ações afirmativas e relacionadas à saúde mental, promovendo programas de bem-estar e preparando as lideranças para desenvolverem habilidades para lidar com o tema, a cultura organizacional se fortalece e isso fará parte do dia a dia. Esse processo deve ser feito de forma natural, cíclica, e impactará diretamente no fortalecimento da marca.
A coerência da cultura e dos valores de uma organização com suas práticas, de forma genuína, contribui para essa construção e cuidado.
“Nós precisamos desenvolver e criar projetos de comunicação que trabalhem o campo afetivo dentro das organizações para que as pessoas venham expor que não estão se sentindo bem, por qualquer motivo, não sejam rechaçadas, primeiramente. Mas sim acolhidas. Ainda que representem um ‘ponto fora da curva’, ou uma realidade muito em particular. O comunicador precisa saber olhar também para essas questões que estão nas ‘franjas’ e não subestimar o problema. Elas estão doentes e precisam se sentir, ao menos, mais seguras e acolhidas para criar relações longevas e de admiração com a marca empregadora. Um funcionário que se sinta negligenciado nesse aspecto certamente não vai pensar duas vezes em trocar de local de trabalho, ainda que não venha a obter melhores remunerações para isso”, dispara Zanni.
O Grupo Trama Reputale já desenvolve projetos comunicacionais ligados a questões de saúde mental para clientes de diversos setores como Biogen, Solenis, Univar Solutions, entre outras.
Campanhas, eventos, workshops, pílulas de conteúdo, rodas de empatia e grupos de afinidade sobre o assunto são exemplos de iniciativas sobre as quais podemos dialogar. Pense nisso!