Além de estimular as vendas, a data, e todo o período que a antecede, apresenta uma oportunidade de posicionamento das marcas e reforço de sua reputação.
Criada nos Estados Unidos, a Black Friday vem ganhando espaço aqui no Brasil há alguns anos. A data surgiu naquele país como um aquecimento para as vendas de natal e solução para as lojas liberarem espaço em seus estoques, ao oferecerem produtos, em sua maioria de coleções ou linhas prestes a serem atualizadas, com descontos substanciais.
No Brasil, a ação foi muito criticada em suas primeiras edições, principalmente por alegadas fraudes nas ofertas promovidas. Com a data já consolidada no calendário de muitas empresas, do varejo ao setor de serviços, as empresas estão atentas e focadas em passar credibilidade em suas ofertas, honrando sua reputação ao planejarem e divulgarem preços especiais da data.
O impacto da Pandemia
Em um ano marcado pela pandemia e suas consequências para o mercado global, a Black Friday se mostra como uma grande oportunidade para as empresas ampliarem seu faturamento e buscarem mitigar as perdas causadas pela COVID-19, como mostra estudo da Kantar IBOPE Media.
Segundo a pesquisa, cerca de 40% dos consumidores adiaram a compra de algum produto ou serviço desde o começo da pandemia, seja por medo da doença em si ou da crise econômica gerada nesse cenário. No entanto, o levantamento aponta que 46% desses entrevistados pretendem aproveitar as oportunidades de descontos da data para finalmente efetivar as sonhadas compras deixadas de lado há alguns meses.
Mas a data, e todo o período que a antecede, apresenta, também, uma oportunidade de posicionamento das marcas e reforço de sua reputação, pois nem tudo são vendas em uma das maiores celebrações do consumo.
Da indústria à prestação de serviços, negócios de todos os setores têm a oportunidade de aproveitar o período para promoverem suas marcas, se aproximarem de seus públicos estratégicos e desenvolverem ainda mais sua reputação, especialmente na internet.
Presença – qual é a régua de contato da sua marca? Onde ela se faz presente antes, durante e após a Black Friday?
Termo usado por profissionais de marketing digital, principalmente ao tratar de estratégias de marketing de conteúdo, a régua de contato determina em quais canais sua marca estará presente na internet e quais recursos utilizará para manter-se próxima de suas audiências estratégicas, por isso, está diretamente ligada à jornada de compra traçada para clientes e consumidores.
Ainda que a presença digital da sua marca deva ser planejada, revisitada e gerenciada continuamente, durante a Black Friday, é preciso ter um cuidado especial, já que, além dos perfis em mídias sociais, serviços de avaliação de atendimento e sites ou e-commerces, são necessárias ações voltadas à ampla promoção, seja por meio da publicidade ou parcerias com creators (falaremos mais do assunto adiante) e outros produtores de conteúdo. Tudo depende do contexto e das mensagens-chave que representam seus pilares de marca.
Construção da régua e definição da estratégia
O canal X é acessado pela audiência que quero alcançar? O formato de conteúdo Y faz sentido para a minha marca? O perfil do creator Z está em alinhamento com os valores e reputação da empresa? Essas são apenas algumas das questões que auxiliam no processo de construção de uma boa régua de contato para suas estratégias na Black Friday. Em um período conturbado, causado pela pandemia, é preciso dedicar ainda mais atenção à presença digital.
Nem só de textos e SEO vive a presença no Google
Como você deve imaginar, uma boa posição no maior buscador do mundo é tão importante quanto perfis bem construídos e atualizados, por isso, muitas empresas voltam sua atenção à sua performance em SEO (otimização de conteúdo para melhor performance de um site em mecanismos de busca), mas engana-se quem acredita que isso é tudo que o Google tem a oferecer, ainda mais durante a Black Friday.
Dada a relevância do período para diversos negócios e suas amplas possibilidades de exploração por diferentes níveis e tipos de organizações, o Google preparou um site especial para auxiliar profissionais de marketing e gestores a “navegarem” em seu universo, apresentando todas as soluções da gigante da internet para ajudar as empresas a atingirem seus objetivos de negócios.
A “Cidade Black Friday”, como foi batizada pelo Google, faz muito mais do que apresentar os recursos do portfólio de serviços e ferramentas da empresa, ela mostra a relevância de uma ampla presença digital e como as marcas podem e devem construir a sua de acordo com seu momento, objetivos, metas e contexto de mercado no qual operam.
Ter uma boa presença digital durante a Black Friday, e fora dela, deve ser a prioridade de gestores e estrategistas de marketing, pois, cada vez mais, a internet é a principal fonte de informações, consumo e entretenimento no cotidiano de clientes, consumidores e da opinião pública. Como você se apresenta e está ativo neste ambiente determina como a sua marca é vista e reconhecida.
Conteúdo – sobre o que a sua marca fala na Black Friday?
Toda marca possui sua identidade, que é definida por muito mais que seu logo, cores ou “padrão visual”. A identidade de uma marca é estabelecida por suas ações, tom de voz, temas que aborda e a forma como trata de tais temas.
Como na definição da régua de contato, é preciso ter um esforço contínuo de produção de conteúdo para todos os canais nos quais se faz presente, respeitando as especificidades dos mesmos. Mas como abordar a Black Friday de maneira a publicar mais que descontos e valores promocionais de produtos? Como tratar do tema se, por exemplo, minha marca não atua no varejo?
As respostas para essas questões vêm do início deste texto: ações, tom de voz e, principalmente temas e como são tratados pela sua marca.
Diferentes abordagens para negócios diferentes
Se a sua empresa não atua ou não possui uma abordagem varejista e “agressivamente comercial”, ela pode explorar outros ângulos relacionados ao período. Basta observar o contexto e como ela pode oferecer valor às suas audiências.
Na Black Friday, uma indústria poderia divulgar um release à imprensa, tratando de como a matéria prima que produz têm impacto significativo na oferta de produtos comumente vendidos no período, por exemplo. Isso não apenas a posicionaria junto a líderes de opinião da imprensa, como também auxiliaria em sua estratégia de link building, por meio das consequentes matérias publicadas em veículos a partir do release.
Um outro exemplo seria de um escritório de advogados, que poderia publicar um artigo em seu blog, sobre direitos do consumidor e cuidados na Black Friday, ou de uma consultoria em empreendimentos imobiliários, que poderia publicar um vídeo em suas redes sociais, apresentando como a data pode ser explorada por empreiteiras e como as mesmas podem se preparar para isso.
Escolha bons parceiros e produza conteúdo autêntico com eles
Além de produzirem seu próprio conteúdo, as marcas também podem contar com o apoio de outros produtores, sendo os creators os principais. A já tradicional parceria paga pode e deve ser aproveitada pelas empresas, desde que, como já mencionamos, exista um cuidado especial na seleção dos parceiros e seja conferida autonomia aos mesmos, afinal, um vídeo ou post que apenas fale de sua empresa, características de seus produtos ou serviços e preço, não é diferente de uma propaganda idealizada e produzida pela própria marca. Autenticidade é a palavra chave ao usar este recurso.
Nesse contexto, uma nova ferramenta de marketing que junta entretenimento e venda ganha destaque no país e será testada por algumas marcas nessa Black Friday. Trata-se do “shopstreaming” ou “liveshopping”, que na China já movimenta milhares de vendedores on-line e mais de US$ 100 bilhões. O recurso permite que na mesma tela em que acompanha um evento, o consumidor selecione, tire dúvidas e compre um produto de sua preferência.
O novo modelo, já testado pelo Magazine Luiza, é uma das apostas do grupo B2W, dono das Americanas, Submarino e Shoptime, para essa Black Friday. No dia 27 de novembro, a companhia promove um grande evento online, de mais de três horas, em parceria com o Google, apresentado pelo youtuber Felipe Neto, que tem 40 milhões de inscritos em seu canal no YouTube. Além disso, também contratou a influenciadora da área de beleza Camila Coutinho como curadora e participante de eventos on-line da Americanas.
A expectativa é que o fenômeno chinês tenha grandes chances de se reproduzir no Brasil, já que os brasileiros são os que mais usam redes sociais no mundo, 80%, mais que os 74% do leste da Ásia.
Existem centenas de caminhos, formatos e abordagens de conteúdo que podem ser aproveitadas para negócios de qualquer porte ou setor, basta que esse conteúdo seja fiel à identidade da marca, entregue valor à audiência e esteja alinhado ao contexto social e de mercado.
Artigo escrito a quatro mãos por:
Ana Paula Teixeira – Gerente de Atendimento (núcleo de Relações Públicas)
Kalil Blanco – Gerente de Atendimento (núcleo de Digital)