Como a internet pode ajudar a população a ser mais engajada politicamente? As ferramentas que podem ser utilizadas e também alguns casos de sucesso foram destaque do Momento Telefônica, no segundo dia de Campus Party. O painel, no palco principal do evento, contou com a presença de Pedro Markun e Daniela Silva, responsáveis pelo Blog do Planalto Clone, e Wagner Diniz, gerente do escritório Brasil do W3C.

Markun e Daniela destacaram que política não é apenas a representatividade pública, mas sim as ações que incentivam as pessoas para fazer coisas em prol do bem comum. Para isso, os dois acreditam no poder da internet como ferramenta na integração, proporcionando que os cidadãos tenham mais poder de ação.

Como bom exemplo de como utilizar a internet para fazer política, os dois citaram o caso do Blog do Planalto Clone. O projeto nasceu como uma crítica ao blog oficial, que não permite comentários. Todo seu conteúdo postado no blog oficial é automaticamente repostado no clone, graças à licença Creative Commons do oficial para possibilitar a reprodução, e os comentários são abertos para permitr que o público leitor repercuta e debata os temas do blog oficial.

Esse tipo de ação, chamada por Markun de civic hacking, nada mais é que uma provocação para a rede, com o objetivo de chamar a atenção para determinadas questões, sempre em prol do interesse público.

Páginas oficiais
Wagner Diniz, do W3C, por sua vez, apresentou o censo que o W3C desenvolve em parceria com o Comitê Gestor da Internet no Brasil para levantar as características da web brasileira. O projeto, que começou com os domínios .gov (os domínios oficiais), já mapeou mais de oito mil deles e rastreou acima de oito milhões de página.

Segundo Diniz, a maioria dessas páginas não presta serviços aos cidadãos e, apesar de coletar dados pessoais e confidenciais dos usuários, não possui uma unificação de informações e tais informações não são utilizadas pelo governo e devolvidas na forma de serviço na mesma proporção que são coletadas.

Diniz propõe como solução a abertura dos dados na rede, para que os próprios cidadãos desenvolvam serviços a partir deles. Para isso, tais dados precisam estar na web e indexados, em formato compreensível por máquina, sempre respeitando a privacidade dos usuários.
Wagner Diniz falou ainda sobre e alguns casos de sucesso de projetos desenvolvidos a partir das informações disponibilizadas pelo governo. Um delas é o SacSP , que mapeia as estatísticas de reclamações de problemas da cidade de São Paulo. Outro exemplo é o Apps for democracy , concurso do Distrito de Columbia para premiar os melhores aplicativos feitos pela sociedade civil com dados abertos que, em sua primeira edição, gerou quase cinqüenta projetos.